Eleições, economia, mídia e salários dominam atos das centrais no Dia do Trabalho

Portal Plantão Brasil
1/5/2014 11:40

Eleições, economia, mídia e salários dominam atos das centrais no Dia do Trabalho

Para sindicalistas, projetos políticos estão em jogo, como a cobrança por avanços da distribuição de renda e na democracia, que ainda não chegou nas comunicações. Dilma renovará política para o mínimo

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794 visitas - Fonte: Rede Brasil Atual

Nos dois principais palanques do 1º de Maio, na capital paulista, a poucos quilômetros um do outro, projetos eleitorais estarão em debate e visões de governo em disputa. A contar de sábado, faltarão apenas cinco meses para as eleições para presidente, governos estaduais e legislativos, em um cenário diferente daquele de 2010, quando a economia mostrava bons resultados e não parecia haver dúvida de que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva faria o seu sucessor (sucessora, no caso), o que acabou acontecendo. Agora, o país não mostra desempenho tão bom, embora esteja longe do cenário de catástrofe desenhado pela oposição. A presidenta Dilma Rousseff, malgrado queda de popularidade detectada em pesquisas, segue como favorita.



Os discursos, que tendem a se acirrar daqui em diante, terão uma prévia no Dia do Trabalho. No Vale do Anhangabaú, uniram-se CSB, CTB e CUT, cujos dirigentes, em maioria, defendem a reeleição de Dilma. No palco da Força Sindical, na praça Campo de Bagatelle, são esperados os principais pré-candidatos da oposição, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). O senador mineiro não foi sequer convidado para o ato vizinho.



Em suas atividades do Dia do Trabalho, a CUT decidiu também das ênfase ao tema da comunicação, área em que a democracia do país não avançou, segundo disse o ex-ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência Franklin Martins, durante seminário promovido pela central na segunda-feira. A coleta de assinaturas para um projeto de lei de iniciativa popular terá destaque nesta quinta-feira no Anhangabaú. O projeto é defendido por dezenas de movimentos sociais é propõe regulamentação de artigos já inscritos na Constituição com a finalidade de coibir o monopólio dos meios de produção e difusão de informação, hoje concentrados nas mãos de poucas empresas.



No campo estadual, a polarização também é evidente. O pré-candidato do PT ao governo paulista, Alexandre Padilha, confirmou presença no ato de CUT, CTB e CSB. O atual governador, Geraldo Alckmin (PSDB), irá ao ato da Força.



Mínimo

Alguns temas caros ao movimento sindical, como a renovação das políticas de reajuste do salário mínimo e da tabela do imposto de renda estão sendo de certa forma contemplados neste 1º de Maio. Para as centrais, trata-se de um importante mecanismo de distribuição de renda e de estímulo à economia. Para setores conservadores, um combustível inflacionário.



Algumas vozes já apareceram, espaçadas, com ressalvas ao crescimento dos salários e à manutenção do emprego em níveis baixos. Em seu pronunciamento ontem (30) à noite, em cadeia nacional, a presidenta Dilma Rousseff foi ao contra-ataque e respondeu diretamente a essas vozes.



Depois de afirmar que o país está vencendo "a batalha do emprego e do salário", a presidenta anunciou uma medida provisória para corrigir a tabela do imposto de renda, uma das reivindicações das centrais. A medida promove uma melhoria da renda salarial ao reduzir a incidência de imposto retido. E tinha data de validade para vencer em 2015.



Em seguida, Dilma assumiu compromisso pela manutenção da política do salário mínimo, aproveitando para cutucar adversários que falam em "medidas duras" na economia. "Para eles, um salário mínimo melhor não significa mais bem-estar para o trabalhador e sua família", disse, e afirmou que seu governo não será o "do arrocho salarial nem o da mão dura contra o trabalhador".



Também ontem, o Ministério do Trabalho e Emprego divulgou nota para informar que o país criou 4,8 milhões de empregos com carteira assinada de janeiro de 2011(primeiro mês do governo Dilma) até março último. O salário médio de admissão cresceu 12,3% no mesmo período.



Candidaturas

No movimento sindical, os presidentes de quatro centrais manifestam apoio público à reeleição de Dilma: Vagner Freitas (CUT), Adilson Araújo (CTB), Antônio Neto (CSB) e Ricardo Patah (UGT). Em alguns casos, a posição é majoritária internamente, mas não unânime. Na CTB, por exemplo, o PCdoB tem maioria, mas há também dirigentes do PSB – um dos vices da central, Joilson Cardoso, é secretário sindical do partido comandado por Eduardo Campos. Na UGT, Patah é filiado ao PSD, e a central tem na sua direção sindicalistas ligados ao PPS, de oposição.



Desde o ano passado, a Força Sindical, que ainda tinha o deputado Paulo Pereira da Silva na presidência, foi se afastando do governo e aumentando a voz dissonante. Paulinho deixou o PDT, partido da base aliada, e foi se dedicar à organização do Solidariedade. Passou o comando da central para Miguel Torres, que acompanha o discurso crítico em relação ao atual governo, e chega a falar em "traição" de Dilma em relação ao movimento sindical. Muitos dirigentes acompanharam Paulinho na migração para o Solidariedade, mas há gente ligada ao PSDB e também ao PT, entre outras legendas.



Na CGTB, de Ubiraci Dantas de Oliveira, o Bira, a posição também a ser contra a reeleição de Dilma. O dirigente admitiria apoiar a situação apenas em caso de uma candidatura Lula. Bira integra o diretório nacional do PPL.



Quatro anos atrás, cinco centrais se reuniram no estádio do Pacaembu, em São Paulo, para aprovar a pauta que se batizou de agenda sindical ou dos trabalhadores. O que acabou somando esforços para levar Dilma ao Planalto agora é um fator de discordância em relação a candidaturas. Os sindicalistas são unânimes nas queixas, afirmando que o Executivo deixou de ouvir os movimentos sociais. Mas diferem na avaliação de quem é o interlocutor ideal para conversar a partir do ano que vem.



"O grande elemento que nos une é a agenda da classe trabalhadora", diz o presidente da CTB, Adilson Araújo. Ele faz ressalvas ao governo Dilma em termos de negociação e avanço da pauta, mas também identifica uma "disputa de projeto político" em jogo. Segundo ele, é preciso "evitar o retrocesso e garantir a quarta vitória do povo brasileiro".



Para Antônio Neto, da CSB, o empecilho maior, neste momento, está mais no Congresso do que no Executivo. "Estamos há quase 19 anos querendo as 40 horas", diz, referindo-se ao projeto de redução da jornada que tem quase duas décadas de discussão. "A PLR (participação nos lucros ou resultados) estava na Constituição de 1946 e foi ser regulamentada em 2000. O nosso grande problema é a correção de forças no Congresso."



O secretário de Relações Internacionais da CUT, João Felício, vê perigo de perda de conquistas conforme a candidatura vitoriosa. E cita o Projeto de Lei 5.483, de 2001 (governo Fernando Henrique Cardoso), que alterava no artigo 618 da CLT, permitindo que acordos prevalecessem sobre a legislação. O projeto passou na Câmara, empacou no Senado e terminou definitivamente arquivado em 2003, já na gestão Lula. "Quem era o presidente da Câmara (quando o PL foi aprovado)? Aécio Neves. Vamos rejeitar qualquer candidato que leve para um período do qual não temos saudade."



Em editorial publicado no site Carta Maior, o articulista Saul Leblon, fez uma análise sobre o que está em jogo neste momento, ao sustentar a importância de uma pactuação política por um novo ciclo de expansão econômica, um caminho talvez mais longo, mas melhor que a alternativa ortodoxa, que se traduz em arrocho.



"A escolha, de fato, consiste em reordenar a economia com o escalpo dos assalariados, como prescreve a restauração neoliberal em curso; ou repactuar o futuro construindo uma democracia social, que sincronize ganhos de produtividade, crescimento e redistribuição da riqueza", escreveu. "Essa é a encruzilhada do 1º de Maio de 2014. Aqui e em todas as latitudes do planeta."



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