22/5/2014 09:00

O “relatório” da corrupção na Petrobras é isso?

1469 visitas - Fonte: Tijolaço

Antecipando-se à decisão da Procuradoria Geral da República que mandava manter sigilo nas apurações, a Polícia Federal vazou para os jornais um “relatório” onde “liga (a compra da refinaria de) Pasadena a suspeita de lavagem e vê ‘organização criminosa’ na Petrobrás” (sic).



Ainda bem que a PF vazou o tal relatório.



Porque ele não contém absolutamente nada ou, pelo menos, não dá ao Juiz a quem foi dirigido nenhuma informação minimamente concreta.



Nada vai além do “seria”, “poderia”, “possível”.



Não é apontado sequer um negócio ou operação suspeita. Nenhum, exceto o que os jornais dizem que a compra de Pasadena teria sido feita por valores “em dissonância com o mercado internacional”, assim mesmo sem qualquer referência de como seria esse “mercado internacional”.



As “provas” citadas são o currículo do senhor Paulo Roberto Costa – que, não sendo flor que se cheire, com uma investigação assim não vai ser responsabilizado por nada – publicado por ele mesmo no site de sua empresa de consultoria e uma relação de empresas das quais ele ou seus filhos são sócios.



O trabalho contido ali não leva três horas de Google, por qualquer garoto esperto em internet.



Detalhe: não há sequer a informação sobre se a criação destas empresas foi contemporânea à sua presença, desde 1977, como funcionário concursado e diretor de empresas do sistema Petrobras. Verifiquei a maioria delas e, do que vi, todas eram posteriores à sua saída da empresa.



No ofício, há referência a um “vasto material probatório”do inquérito, mas nenhuma referência que o ligue à Petrobras é mencionada.



Em resumo, não é indicado ao juiz como se dariam tais ligações, que podem até existir, mas não estão ali.



Quem se mete com doleiro de mim não terá nunca credibilidade, mas não estamos falando de impressão ou opinião.



Procedimentos judiciais, porém, dependem de uma “pequenina” condição: a materialidade, os fatos.



O jornalismo, também.



Ou, antigamente, precisava.



PS. O Globo publica, com as intenções que se sabe, outra atividade da Polícia Federal que só pode ser classificada como espionagem ao filho do então Presidente Lula, em 2008. É um relatório sobre “enriquecimento ilícito” onde não há nenhuma menção, senão no título, a enriquecimento ilícito. O sr. Fabio Luís da Silva simplesmente foi a Foz do Iguaçu e jantou com dirigentes da Itaipu Binacional, inclusive com o Presidente Jorge samek, que todo mundo sabe ser, há décadas, amigo da família de Lula. O Brasil é um país sui generis: temos uma polícia política, mas – ao inverso do que têm as ditaduras – contra o Governo e capaz de espionar os seus integrantes na base do “ouviu dizer”.

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