ELEIÇÃO ESPANHOLA REVELA CUSTO POLÍTICO DOS AJUSTES

Portal Plantão Brasil
25/5/2015 14:35

ELEIÇÃO ESPANHOLA REVELA CUSTO POLÍTICO DOS AJUSTES

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515 visitas - Fonte: Brasil 247

Emparedado pela retração da economia, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ganhará uma nova frente de oposição; será lembrado, permanentemente, dos custos políticos de um ajuste fiscal; na Espanha, por exemplo, o PP, do premiê Mariano Rajoy, que tem aplicado essa receita nos últimos anos, sofreu neste domingo o maior revés eleitoral em vinte anos; foi derrotado em Madri e Barcelona, que será governada pela ativista Ada Colau; nesta segunda-feira, o senador Lindbergh Farias (PT/RJ) afirmou que o ajuste de Levy coloca em risco o projeto "Lula 2018"; em entrevista nesta segunda-feira, o ministro disse que "a queda na arrecadação é um tema que preocupa"; problema dos ajustes é justamente a espiral negativa: cortes de gastos minam a confiança empresarial, reduzem a atividade econômica e também a arredação, forçando mais cortes de gastos



Será que o remédio do ministro Joaquim Levy ficou amargo demais, a ponto de matar o paciente? Nesta segunda-feira, em entrevista, Levy revelou sua preocupação com a queda na arrecadação fiscal. O que sinaliza que a economia brasileira pode estar vivendo a chamada "espiral negativa", em que um ajuste fiscal mina a confiança empresarial, reduz a atividade econômica e afeta a arrecadação, criando a necessidade de novos ajustes.



O país onde essa receita foi aplicada de forma mais ortodoxa nos últimos anos foi a Espanha, onde, neste domingo, o PP, do primeiro-ministro Mariano Rajoy, sofreu sua maior derrota eleitoral em vinte anos, perdendo as prefeituras de Madri e Barcelona, as duas cidades mais importantes do país. Barcelona, por exemplo, será governada pela ativista Ada Colau, ligada aos movimentos de 'indignados' na Espanha. Foi uma clara sinalização de que o eleitor penalizou a estratégia recessiva na economia.



Nesta segunda-feira, em entrevista ao jornal Valor, o senador Lindbergh Farias (PT/RJ) afirmou que o ajuste fiscal do ministro Levy coloca em risco o projeto "Lula 2018". Com o resultado das eleições na Espanha, esse discurso tende a crescer.



Leia, abaixo, reportagem da Reuters sobre a entrevista de Levy:



BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, expressou nesta segunda-feira preocupação com a queda da arrecadação, apontando que é preciso atenção a essa questão após o governo divulgar na sexta-feira um corte de despesas de 69,9 bilhões de reais no Orçamento de 2015.



Falando a jornalistas, Levy afirmou considerar que o contingenciamento foi no "valor adequado", mas ressaltou que essa é apenas uma parte das políticas que estão sendo postas em prática pelo governo.



"É uma parte importante, outras partes são até mais estruturais, têm a ver com o realinhamento de preços, atividades de concessões, vamos ver como a gente reorganiza o financiamento de longo prazo agora que acabou o dinheiro via aquele modelo mais baseado em recursos públicos", pontuou o ministro.



Ele ressaltou que o corte nas despesas não obrigatórias se faz necessário porque as receitas previstas no Orçamento da União aprovado há um mês "não têm conexão com a realidade da arrecadação".



"(O governo) cortou com muita cautela, com muito equilíbrio, na medida que se poderia fazer, inclusive sem por o menor risco em relação ao crescimento econômico", disse.



"Como eu tenho dito, o PIB não está devagar por causa do ajuste. A gente está fazendo o ajuste porque o PIB vinha devagar", completou.



Segundo Levy, a queda da arrecadação desperta preocupação em um momento em que o governo busca o reequilíbrio de suas contas, com a meta de atingir um superávit primário de 66,3 bilhões de reais este ano, equivalente a 1,1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).



"Nos últimos anos a arrecadação sistematicamente não tem atendido às necessidades de governo. Tem se vivido de receitas extraordinárias, de programas como Refis, outras coisas, ao mesmo tempo em que se dava um número de desonerações", disse.



"Precisamos ter uma situação um pouquinho mais equilibrada porque a gente está vendo esse ano que as receitas não têm sido muito significativas. E a gente tem que prestar atenção", afirmou.



Questionado sobre a possibilidade de o governo anunciar novos impostos para compensar a retração no volume de recursos recolhidos, Levy afirmou que é preciso "ir com calma" na frente tributária.



"Não adianta a gente meter novos impostos como se fosse isso que vai salvar a economia brasileira, não é por aí", afirmou.



Levy disse ainda que agentes econômicos já estavam com grande expectativa acerca de uma retração do PIB no começo do ano, acrescentando que, por isso, "não seria surpresa a gente ver uma situação dessa" para o resultado do primeiro trimestre.



(Por Marcela Ayres)



Leia, ainda, reportagem da Reuters sobre a derrota política do PP na Espanha:



(Reuters) - O Partido Popular (PP) espanhol foi derrotado nas eleições regionais e municipais de domingo, à medida que os eleitores puniram o primeiro-ministro Mariano Rajoy por quatro anos de cortes de gastos e uma série de escândalos de corrupção.



Em um teste antes das eleições gerais marcadas para novembro, o PP teve seu pior resultado em mais de 20 anos, diante do surgimento de novos partidos que provocaram uma fragmentação dos votos.



Os espanhóis rejeitaram a estabilidade oferecida pelo PP e os rivais socialistas, que têm se alternado no poder desde o fim da ditadura há 40 anos, e optaram pelas mudanças apresentadas pelos novos partidos - o Cidadãos (pró-mercado) e o Podemos (antiausteridade).



Apesar de o PP ter recebido mais votos do que qualquer outro partido, a legenda e os socialistas ficaram sem obter maioria geral na maior parte das regiões. Os dois partidos terão que negociar coalizões com outros partidos em 13 das 17 regiões espanholas que foram às urnas no domingo, junto com mais de 8.000 cidades.



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