TUCANALHA ALCKMIN: O ANTIPETISMO NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE SP, POR UM ALUNO. DEPOIMENTO DE 1°, DO CORAÇÃO!!

Portal Plantão Brasil
13/4/2015 20:35

TUCANALHA ALCKMIN: O ANTIPETISMO NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE SP, POR UM ALUNO. DEPOIMENTO DE 1°, DO CORAÇÃO!!

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Nossa redação recebeu a carta de um garoto de 15 anos, que relata seu dia a dia na escola e faz um alerta surpreendente sobre a realidade das escolas estaduais do estado de São Paulo



Por Redação - em São Paulo



Nossa redação recebeu a carta via e-mail de um garoto de 15 anos que fala sobre seu dia a dia na sua escola. A testemunha é surpreendente.



Filho de mãe diarista e pai metalúrgico, Junior Lima Figueiredo é morador de uma das maiores cidades de São Paulo, Ribeirão Preto no interior do estado.

Desde os 6 anos na rede pública de ensino, ele conta como a politica faz parte do dia a dia das escolas e ainda sobre o preconceito por parte dos colegas.



Ele preferiu não citar o nome das escolas para não causar problemas por parte das instituições. Porém, ele faz um alerta da realidade das escolas da rede pública do estado mais rico do país.



Confira o testemunho a seguir:



Olá, Boa Tarde.



Meu nome é Junior Lima Figueiredo, sou morador de Ribeirão Preto no interior de São Paulo, e escrevo á vocês hoje para relatar um problema que tem causado preocupação, não só por mim, mas por aqueles que me apoiam.

Minha mãe é diarista, trabalhadora, e ganha pouco para ajudar meu pai sustentar nossa casa. Ele é metalúrgico, também não ganha um salário que é lá essas coisas, mas mesmo assim ele sempre foi digno e trabalhador. Desde que me conheço por gente, esses dois que me ensinam a ser quem eu sou e me incentivam a ser honesto e fazer o bem a todos.

Meu sonho é ser médico, sempre fui aluno de escola pública da rede de ensino do Estado e nunca me queixei por isso.

Os professores são ótimos, lutam todos os dias para levar o melhor deles para cada aluno, mesmo com salas de aulas lotadas.



Desde meus seis anos de idade, quando entrei pra rede pública municipal e aos dez na rede estadual reconheço que o problema dos alunos bons, é se deixar levar para as laranjas podres.

Em 2010, acompanhei minha primeira eleição, meus país são votantes do Partido dos Trabalhadores desde 1989, quando Lula perdeu para Collor.



Foi nesse ano, na disputa pela sucessão presidencial entre Dilma Rousseff e José Serra que comecei a aprender um pouco sobre a politica.

Era meu primeiro ano na rede estadual, eu estava entrando para a quinta série, então chamada de sexto ano. Eu entrei assustado, por ver que o esquema ali era bem diferente, a escola tinha que lidar com problemas que eu nunca vi.

Salas de aulas lotadas, professores estressados, desvalorizados e desrespeitados - até hoje isso não mudou, infelizmente.

Na época das eleições, naquele mesmo ano, eu percebi que alguma coisa entre alguns professores incomodava, a discussão em sala de aula sobre as disputas pelo poder.

Apesar de ser proibido pelo estado, alguns professores induziam alunos a que seus país votasse em qualquer candidato alheio á candidata Dilma.



Estranhei muito a situação, pois eles falavam como se o país viesse de mal a pior, estava afundado em escândalos de corrupção e devastado por uma era de aproveitação por parte do presidente Lula.

Conversei com meus país sobre o acontecido e eles me orientaram e me explicaram sobre a era de conquistas do presidente Lula. Apesar de pouco conhecimento, eu sempre deveria questionar qual era o objetivo do professor em fazer aquilo, porque no começo do ano, ele detonava o governo do PSDB.

A campanha contra a presidente Dilma no espaço de ensino continuava, e eu sempre questionando, porém atacado por companheiros de sala e pelos próprios professores. Claro que não eram todos, mas alguns deles faziam questão de abordar o tema e pedir voto aos alunos para que seus país se posicionassem contra a candidata.



Conversei outras vezes com meus país, que chegaram até ir conversar com a direção da escola, mas de nada adiantou.

Minha mãe estava com emprego novo em uma casa de uma empresária numa parte da cidade, era setembro e já estávamos perto das eleições. Eles decidiram me mudar de colégio, pois acharam que aquilo era um absurdo e que os professores não tinham esse direito, porém, eles preferiram não arranjar confusão.

No novo colégio, me adaptei rápido com ambiente, pois era parecido. Já tinha colegas de lá e não liguei muito para a transferência assim.

Encontrei professores totalmente diferentes, só que alguns tinham o mesmo comportamento. Minha sala, todos eram de idade de 10 ou 11 anos, assim como na outra, então ninguém entendia do assunto e eram manipulados facilmente.



Vi que esse problema era de todas as escolas e não adiantaria me mudar. Então levei como pude, na minha, sem me expressar.

No dia das eleições, a expectativa era enorme por todos que eu conhecia. Todos saíram pra votar e exercer sua cidadania e a noite sentar no sofá e esperar pelo resultado das eleições.

Eram oito da noite, todos na sala, aguardando... Até que o Plantão da Globo anunciava... Dilma Rousseff era a primeira mulher eleita presidente da República. Eram mais 4 anos que o Partido dos Trabalhadores ficaria a frente do país. Quando cheguei na escola na segunda, não via "nem sinal dos professores", acho que preferiram ficar calados. Só com isso já podemos ter uma ideia de como era a realidade em nossas escolas.



Nesses 4 anos, passamos pelas manifestações de 2013, escândalos de corrupção como Mensalão e Lava Jato que abalaram setor do país. O problema é que muitos associaram esses escândalos e descontentamento popular somente á imagem do PT e da presidente Dilma e esqueceram dos tantos e tantos outros envolvidos, principalmente pelo PSDB.

Em 2014, foi mais um ano tenso, depois de anos sem ouvir muito se falar sobre a politica atual do país, as eleições estavam de volta.



Dessa vez, a presidente Dilma buscava sua reeleição e teve que enfrentar até o "Volta Lula", eu sempre confiei e acompanhei o trabalho dela e sabia que ela iria vencer por sua luta e conquistas.

O que eu não sabia é que as eleições estariam "piores", o ódio tomava metade do país que se dividia entre os contra e a favor do governo.



Como morava em São Paulo, sempre fui obrigado a ter que ouvir o preconceito pelo PT e o "medo"

do temido comunismo pelos paulistas desinformados.

Na escola onde estudava até o fim do ano passado, não se falava em outra coisa no período eleitoral se não na disputa presidencial. Novamente tive que enfrentar professores que tentavam induzir alunos a convencerem os pais a votarem em outros candidatos.



Como estava no último ano do ensino fundamental, o nono ano ou oitava série, todos possuíam ao menos um pouco de conhecimento sobre a politica, e eu também. Por isso não exitei nunca em questionar os professores e falar sobre o outro lado da moeda. No dia seguinte ao primeiro turno, chegamos a debater três aulas seguidas nas aulas de história e português.

Estávamos em uma aula sobre a ditadura em que o professor pediu pra eu elaborar, o que aconteceu foi que chegamos nas diretas já e viemos parar no segundo turno das eleições de 2014 e não paramos até tocar o sinal.

Com a mediação da professora, que também era contraria ao PT e votante do PSDB, vi uma sala inteira contra mim, poucos ao meu lado defendendo a presidente.



Tudo que eu falava ali era rebatido com palavras de ódio e xingamentos, mesmo com a professora ali, nada foi feito.

Eu não desisti e decidi debater até tocar o sinal para o recreio, que era nosso limite.

Naquele dia, depois do recreio, quando sem professor na sala, fui xingado por muitos de "comunista" e palavras sujas que nem prefiro citar.



Relatei a professora, que nada fez.

Naquele dia, na saída, fui pego por um grupo de alunos de outra sala e alguns da minha a alguns metros da escola, eles me bateram sem motivo algum, mas já dava pra entender quando me xingaram de "comunista safado" "petralha vagabundo" entre outras. Eles me deram socos e ponta pés, cheguei a ficar roxo em várias partes do corpo. Eles saíram correndo. Fiquei caído por minutos, até uma senhora parar pra me ajudar, pois não aguentava de dor.



Essa situação foi parar até a direção da escola, que novamente não fez nada além de suspender eles por 3 dias. Meus país fizeram boletim de ocorrência e decidiram processar a escola.

O assunto gerou repercussão por ali e eu era tratado dentro da escola como traidor por meus país estarem processando a escola e aqueles alunos que me bateram covardemente.

Alguns professores ficaram do meu lado e me defenderam. Outros, continuaram a falar mal e incitar ódio ao PT dentro da sala de aula.

Novamente chegamos ao dia da eleição e a presidente Dilma era reeleita com a força de milhares de trabalhadores que confiam no trabalho dela. O Partido dos Trabalhadores estará a frente do país por mais 4 anos.



Infelizmente, o anti-petismo tomou conta das nossas escolas públicas, pelo preconceito e nos dividiu por uma ideologia.

A situação insustentável me levou a decidir mudar de escola, não queria mais ficar ali e nem estudar em escolas públicas. Mas, como meus país não tem condições de uma particular, eu decidi fazer um concurso para estudar em uma escola técnica da cidade que ficava perto dali e tinha amigos que estudavam lá.

Eu passei e hoje estudo em uma escola técnica, o esquema aqui é bem diferente, vemos que os professores estão pra ensinar e os alunos dispostos para aprender.



Apesar de não sofrer com isso mais em sala de aula, eu tenho minha história e testemunho que decidi enviar a vocês, para que mais pessoas vejam e de alguma forma botem a mão na consciência com a minha história. Esse alerta que faço, infelizmente se tornou uma triste realidade da rede de ensino público. Não posso dizer que são todas as escolas, mas já estudei em 5 diferentes instituições da rede estadual e a situação foi bem parecida.



Em meu dia a dia, presencio nas redes sociais e na vida fora da escola que essa é uma realidade em boa parte do estado de São Paulo, governador por um senhor reeleito por pessoas que não conhecem essa realidade e infelizmente preferiram reelege-lo com medo do "comunismo" como justificativa.

Independente de ideologia de esquerda, direita, conservadora ou seja lá o que for, todos devemos respeitar a opinião de cada um e não nos deixar levar por um preconceito como esse.

Acompanho todos os dias os noticiários e vejo a luta dos professores do Estado, em sua greve, então ignorada pelo governador. Novamente lamento.



Não quero dizer que todos os professores tem esse comportamento, mas alguns que decidi nem citar o nome, assim como o nome das escolas e endereços respectivos para não arrumar mais problemas, são exemplo de que vários tem esse pensamento contrário ao governo e manipulam opiniões de alunos desinformados.



Agradeço a todos que leram meu testemunho. Escrevi ele com intuito de que cada um que ler tenha conhecimento dessa realidade. Espero que possam divulgar para que algo seja feito e que isso nunca mais se repita.

Encerro essa carta deixando a seguinte pergunta: "No que nos tornamos?"



Ribeirão Preto, 12 de abril de 2015





Confira o artigo original no Portal Metrópole: http://www.portalmetropole.com/2015/04/o-testemunho-de-um-aluno-sobre-o-anti.html#ixzz3XEeTYVdX





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