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Dario Messer, conhecido com o "doleiro dos doleiros", é investigado desde a década de 1980 por suspeitas envolvendo operações financeiras ilegais. No início dos anos 2000, seu nome apareceu naquele que é considerado um dos maiores escândalos de lavagem de dinheiro do país, o caso Banestado.
A investigação foi conduzida pelo MPF-PR (Ministério Público Federal do Paraná) e por procuradores que hoje fazem parte da Lava Jato. Messer, porém, nunca foi acusado na Justiça por eles.
Ao analisar a história do doleiro em investigações do MPF-PR, vê-se que em diversas situações ele esteve em meio aos casos, mas, mesmo com testemunhos e outras evidências, nunca foi sequer denunciado.
Ainda em 2005, Messer e outros doleiros tiveram suas prisões requeridas na operação Zero Absoluto, considerada uma das mais importantes do caso Banestado. Ao menos 106 pessoas investigadas na mesma operação foram denunciadas. O doleiro, não.
Três ex-investigadores do caso Banestado trabalham hoje na Lava Jato: Deltan Dallagnol (coordenador da força-tarefa), Orlando Martello Junior e Januário Paludo (que a PF acusa de receber propina).
Apesar de Messer nunca ter sido denunciado no caso Banestado, o MPF-PR teve acesso a vários elementos que ligam o doleiro ao esquema de lavagem de dinheiro e evasão apurado.
Um relatório da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) instaurada no Congresso em 2003 para investigar o caso Banestado dedica um capítulo inteiro ao doleiro.
Ouvidos pela Justiça, os doleiros Alberto Youssef e Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho Barcelona, ratificaram que Messer era doleiro. Os depoimentos fizeram parte de processos do caso Banestado.
PROCURADORES DE CURITIBA SALVAM DARIO MESSER COM AJUDA DA JUÍZA COPIA E COLA
Esses depoimentos e o relatório da CPMI do Banestado só foram usados contra Messer numa ação penal depois que o MPF-RJ (Ministério Público Federal do Rio de Janeiro) o denunciou em 2009 por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e evasão.
Seu advogado percebeu que duas contas investigadas no Rio eram as mesmas já investigadas no Paraná. Foi ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) e conseguiu em 2013 que parte do processo de Messer fosse transferido dos tribunais fluminenses aos paranaenses.
O procurador da República Alexandre Melz Nardes assumiu o caso. Ele reavaliou as citações de Messer no caso Banestado. Concluiu, porém, que existiam "dúvidas razoáveis" sobre a culpa de doleiro. Por isso, recomendou a absolvição de Messer em agosto de 2015.
Baseada nessa recomendação, a juíza Gabriela Hardt, que hoje julga processos da Lava Jato no Paraná e já condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), absolveu Messer em agosto de 2016.
Ainda na fase inicial da operação Lava Jato, deflagrada em 2014, o MPF-PR chegou a receber relatos sobre as atividades de Messer. Isso não fez o doleiro ser investigado no Paraná.
Ele só foi envolvido na Lava Jato em maio de 2018, quando o MPF-RJ deflagrou a operação Câmbio, Desligo.
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