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Uma aliança inesperada entre duas das maiores economias do mundo pode ameaçar o futuro da agricultura brasileira, distorcendo mercados e criando barreiras que terão um impacto profundo para as exportações nacionais por mais de uma década.
A aproximação entre Nova Déli e Bruxelas está se desenhando nesta semana na conferência ministerial da OMC (Organização Mundial do Comércio), a primeira em cinco anos. Para tentar resistir ao projeto, o governo brasileiro está se aliando aos americanos, também preocupados com uma possível transformação do comércio agrícola internacional. O Mercosul, Austrália e outros exportadores agrícolas também se mobilizam contra os indianos.
Nova Déli quer que um acordo comercial permita que governos em desenvolvimento possam ter uma espécie de "cheque em branco" para a construção de estoques nacionais de alimentos, sob o argumento de lutar contra a fome. Se numa primeira impressão a política poderia fazer sentido na luta contra a fome, economistas e especialistas em comércio internacional alertam que a medida seria uma manobra para que um governo como o da Índia subsidie sua produção nacional, com um orçamento de mais de US$ 70 bilhões.
Na prática, a produção acabaria atendendo tanto ao mercado doméstico como o internacional. Mas, com forte apoio do governo, isso significaria que poderiam exportar com preços mais baixos, matando a concorrência das exportações do Brasil, EUA, Austrália e outros países.
Para conseguir força para empurrar tal proposta, os indianos estão se aproximando aos europeus, tradicionais apoiadores de sua agricultura doméstica por meio de programas que, segundo o Brasil, distorcem o mercado internacional.
Em troca de apoiar os europeus em temas de seus interesses, os indianos querem o compromisso de Bruxelas de que a questão dos estoques de alimentos será aprovada.
O temor do Brasil é de que, se o acordo vingar, dois elementos vão transformar o comércio agrícola mundial. De um lado, as distorções seriam aprofundadas por mais de uma década, deslocando a exportação nacional para alguns dos principais mercados de destino das vendas brasileiras.
De outro, os europeus passariam a implementar taxas ambientais contra os produtos brasileiros, um projeto que poderá ser aprovado nas próximas semanas em Bruxelas.
O resultado: a exportação nacional seria deslocada dos mercados emergentes e, ao mesmo tempo, não conseguiria entrar na Europa, um dos principais destinos das vendas do país.
Com negociações que terminam na quarta-feira, em Genebra, o governo brasileiro tem intensificado os contatos com delegações de várias partes do mundo na esperança de impedir que a aliança entre indianos e europeus prospere. "O que está em jogo é a agricultura nacional", admitiu um experiente negociador.
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