Genro ao 247: "viramos na capital e vamos ganhar"

Portal Plantão Brasil
27/9/2014 13:24

Genro ao 247: "viramos na capital e vamos ganhar"

“Ana Amélia diz que vai enxugar o Estado, eu digo que vou contratar mais por concurso; ela não quer a democratização dos meios de comunicação, eu quero; ela não gosta de contestação, eu nasci no debate”, diferenciou governador gaúcho em entrevista à revista 247; Tarso Genro chega à reta final com vantagem em Porto Alegre e em busca da classe média do interior para derrotar senadora ligada ao Grupo RBS; "Já viramos na capital e estamos fazendo um debate duro com a classe média do interior, que po

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396 visitas - Fonte: Brasil 247

O govenador Tarso Genro, do Rio Grande do Sul, tem dois grandes desafios na reta final da sua campanha de reeleição. Um deles é histórico. Para quebrar a sina que diz que o politizado e exigente eleitorado gaúcho não reelege o governador do Estado – o que tem acontecido desde a introdução desse mecanismo político, a partir de 1998 –, Genro busca aproximar suas intenções de votos aos índices de aprovação de seu próprio governo. A julgar pelas pesquisas, eles estiveram bastante dissociados durante a disputa.



Enquanto levantamentos mostraram que chega a 55% a soma de conceitos ótimo e bom para a gestão dele no Palácio Piratini, uma pesquisa Ibope divulgada na quarta-feira 24 mostrou que o govenador petista marcava 30% de intenções de voto contra 37% para a senadora Ana Amélia Lemos, do PP, ligada ao grupo de comunicação RBS.



Genro, como governador, tem resultados incomuns para mostrar. Em seus quatro anos de gestão, a serem completados em dezembro, a renda média das famílias do Rio Grande do Sul, segundo apurou o Pnad, avançou. Pela primeira vez no Brasil, por outro lado, um Estado conseguiu aplicar 12% de sua receita líquida no setor da Saúde. No campo da Educação, o Ideb, que mede a performance do ensino público, mostrou um salto da 10ª colocação do Estado no ranking da educação básica, em 2010, para o 2º lugar agora.



A campanha de Tarso Genro tratou de insistir com o candidato até que ele tirasse, finalmente, uma licença do cargo de governador para dedicar-se exclusivamente à corrida eleitoral. Em regime de tempo integral desde a segunda-feira 22, Genro passou a visitar cerca de dez cidades do interior gaúcho a cada três dias e, ao mesmo tempo, radicalizar na apresentação de suas diferenças com a adversária que lidera as pesquisas desde o início da disputa.



A estratégia está funcionando.



– Já viramos em Porto Alegre e estamos fazendo um debate duro com a classe média do interior, que pode decidir esse jogo, adiantou o governador, ex-prefeito de Porto Alegre, ex-deputado federal, ex-ministro e considerado um dos quadros teóricos mais qualificados do PT.



Nessa entrevista à Revista 247, concedida entre compromissos de campanha, Genro fez uma avaliação do quadro eleitoral gaúcho e nacional, lembrou dos resultados de sua gestão e revelou a estratégia para quebrar a tradição da não reeleição com uma vitória sobre a competitiva adversária.



– Ana Amélia não está acostumada à contestação, enquanto eu nasci no debate. O Estado mínimo que ela quer não tem nada a ver com o Estado indutor do crescimento que temos aqui no Rio Grande. O povo gaúcho tem de saber quais são nossas diferenças, enunciou Tarso Genro.



Acompanhe:



247 – Qual é a sua leitura do atual momento da eleição no Rio Grande do Sul, sempre considerado o Estado mais politizado do Brasil?



Tarso Genro – Nós temos enfrentado as causas do processo de demonização dos partidos e dos políticos. Há um efeito forte dessa campanha na classe média do nosso Estado, que representa a grande maioria do eleitorado gaúcho. Esse quadro que vem sendo pintado há muito tempo dá vantagem, é claro, para quem se coloca como de fora da política e de fora dos partidos. É o caso da minha adversária, Ana Amélia (senadora do PP-RS, candidata ao governo). Ela é representante da rede de comunicação dominante no Estado, a RBS, ajudou a construir esse discurso anti-política e, ao mesmo tempo, se beneficia dele. Ela sempre falou, pela televisão, pelo rádio e pelos jornais da RBS, sem qualquer tipo de contestação. Enquanto eu nasci no debate político e, no governo, sempre enfrentei forte oposição. É claro que isso levaria a uma vantagem inicial dela, que usa o discurso de candidata apolítica e que governará ‘com os melhores’ e de maneira despartidarizada. Mas estamos mostrando que isso é uma falácia.



247 – Por que o sr. pediu licença do cargo para seguir em campanha?



Genro – Estava ficando cada vez mais difícil conciliar a agenda de governador com a de candidato. Eu fazia campanha depois do expediente, mas com isso deixava de atender muitos pedidos dos companheiros para estar nas cidades deles, liderar as campanhas, mostrar minha presença. Então, pedi a licença e, agora, tenho visitado uma média de 10 cidades a cada três dias, levando a mensagem dos resultados do nosso governo e mostrando as nossas diferenças com a adversária.



Revista 247 – Como o sr. faz isso?



Genro – Procuro ser o mais claro e objetivo possível. Ana Amélia se coloca acima dos partidos, eu claramente pertenço a um partido e me orgulho disso. Ela quer um Estado mínimo, eu coloquei o Estado como protagonista da indução do desenvolvimento econômico. Ela quer enxugar a estrutura do governo, eu digo que vou continuar abrindo concursos para contratar servidores para funções estratégicas como Saúde e Educação. Ela defende o governo tucano da Ieda Crusius, eu digo que ele foi de descalabro administrativo.



Ela é ligada ao grupo dominante de comunicação, eu tenho a proposta de democratizar os meios de comunicação. Somos diferentes em tudo, e isso tem de ficar muito claro para a população.



247 – O que o sr. tem a mostrar sobre o seu governo?



Genro – Conseguimos resultados aqui no Rio Grande que em nenhum outro Estado se vê. A renda das famílias gaúchas, segundo o Pnad, dobrou durante a minha gestão, entre 2010 e agora. E isso só pode acontecer porque o Estado criou seu próprio Plano Safra e investiu no setor do agronegócio e da agricultura familiar R$ 7 bilhões além das verbas destinadas inicialmente pelo governo federal para o Estado, no Plano Safra nacional. Fechamos uma série de novos convênios, envolvemos os bancos públicos estaduais e agências de fomento no financiamento da atividade produtiva e conseguimos esse retorno espetacular. Aqui, em razão da larga presença do modelo de agricultura familiar, o investimento que você faz num ano já vira resultado no ano seguinte. Setecentas e oitenta mil famílias gaúchas praticam o modelo de agricultura familiar e foram diretamente beneficiadas.



247 – Saúde e Educação estão sempre na vitrine de eleições para governador. O sr. enfrente bem esse debate?



Genro – Há dois resultados que nos diferenciam. O Rio Grande tornou-se o primeiro Estado do País, durante a nossa gestão, a conseguir aplicar integralmente 12% do orçamento diretamente no setor de Saúde. Isso representou um grande salto de qualidade no atendimento ao público. Na Educação, o Ideb – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica fala por nós. Pegamos o Estado na 10ª posição do ranking nacional, mas subimos nestes quatro anos para o 2º lugar.



Revista 247 – Esses setores têm categorias profissionais bem organizadas e aguerridas no serviço público. Como foi a relação com professores e funcionários da saúde?



Genro – Com esses ramos profissionais e, de modo universal, com todo o funcionalismo estadual, nossa política foi de plena valorização. Todas as categorias do funcionalismo obtiveram reajustes salariais acima da inflação e melhor reconhecimento de suas carreiras. Enquanto minha adversária diz que vai enxugar o Estado, eu afirmo que vou continuar abrindo concursos para preencher vagas em setores estratégicos na atenção à população.



247 – Quais têm sido os efeitos da campanha presidencial na eleição do Rio Grande do Sul?



Genro – Nossa campanha entra nessa reta final exatamente na fase de colar ainda mais a minha imagem e a do meu governo à da presidente Dilma e do ex-presidente Lula. Eles já estiveram aqui e duas ocasiões e sempre com sucesso de público.



247 – O sr. tem uma posição firmada pela democratização dos meios de comunicação, enquanto a senadora Ana Amélia é identificada diretamente com um grupo RBS, por sua vez ligado à Rede Globo. Como está se dando a discussão nesse setor?



Genro – Ana Amélia tenta nos colocar como a favor da censura, aquela coisa toda, mas não é nem de longe disso que se trata. Eu criei um conselho de comunicação no Estado, para dar mais equilíbrio à veiculação de notícias, dar mais oportunidades. Ela, é claro, quer manter tudo como está, sem possibilidade de debate. Isso já está claro nessa campanha.



Revista 247 – O sr. atravessou a campanha atrás da senadora, segundo as pesquisas. A uma semana das urnas, é possível virar o placar?



Genro – Tudo indica que teremos uma situação de segundo turno aqui no Rio Grande. Mas queremos entrar para a nova fase em ascensão, e é isso que estamos buscando com a aceleração da minha agenda de campanha. Pelos números, já estamos na frente em Porto Alegre, mas ainda é preciso acentuar a discussão no interior. O foco agora é esse. Estou convencido de que, ao deixarmos claro, com muita objetividade, nossas diferenças para a candidatura adversária, o povo saberá reconhecer na nossa proposta a única que atende aos seus interesses.



247 – Como o sr. avalia a performance de sua filha, Luciana Genro, na campanha presidencial? Ela é dura na oposição ao PT!



Genro – Sim, mas o importante é que Luciana não está fazendo o papel de quinta coluna. Ela expõe suas divergências com clareza, dentro dos parâmetros do debate e é exatamente por isso que está obtendo conhecimento. Acho que, para ela, fazer parte de uma campanha presidencial está sendo uma experiência muito rica, que vai contribuir muito para o amadurecimento político dela e dar força para as futuras lutas que ela se engajar. Estou muito orgulhoso da postura dela nesta eleição.





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