PSB quer evitar confronto com Lula em Pernambuco

Portal Plantão Brasil
4/4/2014 10:00

PSB quer evitar confronto com Lula em Pernambuco

0 0 0 0

1449 visitas - Fonte: Valor Econômico

Desde que começou a se desgarrar do PT, na campanha municipal de 2012, Eduardo Campos sempre fez questão de manter o discurso de fidelidade ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mesmo com sua candidatura ao Planalto ganhando corpo, o governador garantia a aliados que tiraria o bloco da rua caso o ex-presidente decidisse concorrer.



De acordo com um de seus interlocutores, durante um encontro com Lula, em setembro do ano passado, em São Paulo, Campos teria dito ao ex-presidente: "Estarei com o senhor, caso decida voltar. Mas com essa senhora [Dilma Rousseff], não dá mais".



Algumas semanas depois, porém, o governador de Pernambuco foi surpreendido com a chegada de Marina Silva ao PSB. Ciente da boa relação entre Campos e Lula, ela condicionou a aliança à irreversibilidade da candidatura presidencial do PSB. Campos topou.



Por isso, mesmo com o crescimento recente dos rumores sobre um eventual "Volta, Lula", o governador de Pernambuco já não tem mais margem para voltar atrás, mesmo se quisesse.



Não foram poucas as juras de amor trocadas nos últimos dez anos entre Lula e Campos. Aparentemente inabalável, a simbiose tremeu quando o ex-presidente, falando a empresários, surpreendeu Campos ao compará-lo - mesmo que indiretamente - ao ex-presidente Fernando Collor.



A declaração causou estranheza ao governador, cujo plano de voo rumo ao Planalto não previa um embate direto contra Lula. Ainda assim, Campos não deixou o ex-presidente sem resposta. "Toda vez que o país pede mudanças, alguns políticos tentam colocar o medo no coração do povo", rebateu.



Dois dias depois, no entanto, Campos contemporizou. Negou que Lula o tenha comparado a Collor. Mas já era tarde. O mantra de que "a esperança vai vencer o medo" caiu no gosto dos aliados de Campos e ecoa forte nos corredores do poder em Pernambuco.



Mas, se o porrete do governador canta cada vez mais alto quando o assunto é Dilma, o ex-presidente ainda é um tabu no PSB. Pernambucano, Lula ainda goza de popularidade suficiente para atrapalhar a manutenção da hegemonia do PSB no Estado, questão de honra - e sobrevivência política - para Campos.



Apesar dos rumores recentes, o pessebista não acredita em uma batalha contra Lula. Sua leitura é a de que a comparação com Collor foi, no máximo, jogo de cena, e que o ex-presidente não planeja comprar briga em Pernambuco. Além da relação pessoal entre os dois, que seguem amigos e têm se falado por telefone, Campos considera que o pragmatismo de Lula vai pesar.



No seu entendimento, o ex-presidente tem outras prioridades, como eleger os ex-ministros Alexandre Padilha e Gleisi Hoffmann para os governos de São Paulo e do Paraná, respectivamente, além de manter a hegemonia petista na Bahia.



Neste cenário, a avaliação é que não valeria a pena para Lula dedicar-se à sucessão em Pernambuco. Entre os principais interlocutores de Campos, as últimas declarações do ex-presidente foram vistas como um deslize. "É pior pra ele [Lula] fazer esse tipo de declaração, pois apenas reforça a percepção, dele próprio, de que nós representamos o 'novo' que a população procura", disse um dos coordenadores da campanha presidencial do PSB.



Outra pessoa que despacha diariamente com Campos foi mais contundente. "Foi só uma derrapagem na fala dele [Lula]. Primeiro, porque ele próprio perdeu para o Collor e, segundo, porque o Collor é, agora, aliado dele", disse a fonte.



Independentemente das avaliações internas, a postura que será adotada por Lula em relação a Campos segue envolta a uma aura de mistério. Em setembro do ano passado, após a conversa com Campos, o ex-presidente ainda insistia na aliança.



"É muito importante, do ponto de vista simbólico, a manutenção da aliança PT e PSB. Se não der para estar junto, precisamos estabelecer como regra fazer uma campanha civilizada para estarmos juntos no segundo turno. Ele [Campos] já me disse mais de uma vez que não vai tomar nenhuma decisão sem conversar comigo", disse Lula à época.



Poucas semanas depois, já com a filiação de Marina, o petista mudou o tom. "Quero dizer aos meus companheiros de Pernambuco que me aguardem que logo eu estarei lá", prometeu Lula, durante visita ao Congresso.



A atuação de Campos na Câmara durante a crise do mensalão foi decisiva para o aprofundamento da amizade com Lula, que era amigo do governador Miguel Arraes (1916-2005). Eleito governador de Pernambuco, Campos foi tratado com mesa farta pelo ex-presidente, que chegou a chamá-lo de "professor".



No auge da lua de mel, Campos figurou entre os principais conselheiros do ex-presidente. O governador ajudou, por exemplo, a dissuadir Lula da ideia do terceiro mandato, pela qual o ex-presidente teria ficado balançado. Em 2012, numa conversa em um hotel em Brasília, Campos ouviu de Lula a proposta, ainda incipiente, para ser candidato a vice de Dilma em 2014 e a presidente em 2018.



Apesar de ter acreditado nas boas intenções da oferta, o pernambucano não botou fé na viabilidade do plano. Recentemente, porém, ele voltou ao tema, ao dizer que até "poderia ter esperado 2018, mas que o país não pode mais esperar".



Se a Lula e Campos não interessa, ao menos por enquanto, uma guerra aberta, o PT aposta suas fichas no racha. Na esfera nacional, a estratégia é colar em Campos a pecha de traidor. Em Pernambuco, onde o PT apoia para o governo o senador Armando Monteiro Neto (PTB), o plano é mostrar que Campos e Lula agora são inimigos.



A expectativa dos dirigentes petistas é que Lula e Dilma visitem Pernambuco durante a campanha. Já os aliados de Campos acreditam que somente a presidente visitará o Estado. Segundo um interlocutor do governador, Campos costuma brincar com Lula ao telefone, ao identificar-se como "seu próximo presidente".







APOIE O PLANTÃO BRASIL - Clique aqui!

Se você quer ajudar na luta contra Bolsonaro e a direita fascista, inscreva-se no canal do Plantão Brasil no YouTube.



O Plantão Brasil é um site independente. Se você quer ajudar na luta contra o golpismo e por um Brasil melhor, compartilhe com seus amigos e em grupos de Facebook e WhatsApp. Quanto mais gente tiver acesso às informações, menos poder terá a manipulação da mídia golpista.


Últimas notícias

Notícias do Flamengo Notícias do Corinthians