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Mensagens encontradas no celular de Jair Bolsonaro escancaram a estratégia do ex-presidente para manter o apoio do agronegócio em 2023, mesmo após sua derrota nas urnas. O setor, que teve papel decisivo no financiamento dos acampamentos golpistas, continuou sendo cortejado por Bolsonaro, que usava listas de transmissão no WhatsApp para disseminar ataques ao governo Lula e fomentar discurso de ódio contra indígenas e movimentos sociais.
Nas mensagens, Bolsonaro reforçava sua aliança com ruralistas ao criticar demarcações de terras indígenas e demonizar ações do MST. “Cada vez mais problemas para o agro”, escreveu em uma das mensagens. Em outra, tentou se promover: “Com Bolsonaro: ZERO demarcações”. O objetivo era claro: manter a base bolsonarista do campo mobilizada contra qualquer avanço civilizatório promovido pelo governo Lula.

As mensagens também revelam articulações com o general Braga Netto para marcar presença na Agrishow, em Ribeirão Preto, em abril de 2023. O evento virou palco de tensão institucional após o presidente Lula cancelar sua participação ao saber que Bolsonaro estaria presente. Em tom de vitimismo, o ex-capitão reagiu a um editorial do Estadão que o classificava como “risco para o agronegócio”, negando responsabilidade pelos conflitos fundiários e diplomáticos provocados por sua política de devastação ambiental.
Outro ponto crítico das mensagens é a estadia de Bolsonaro na fazenda do empresário Paulo Junqueira, ex-presidente do Sindicato Rural de Ribeirão Preto. Junqueira é investigado por possível envio de dinheiro vivo para custear despesas de Bolsonaro nos Estados Unidos — mais um indício das conexões financeiras obscuras entre o bolsonarismo e setores do agro.
Os áudios trocados entre Bolsonaro e aliados como o ex-ministro Adolfo Sachsida expõem um clima de intimidade e desprezo institucional. Bolsonaro planejava colocar Sachsida no palanque da feira e chegou a fazer piada sobre ele dormir com os cachorros na fazenda, “desde que torça contra o Flamengo”. O tom informal e debochado escancara o nível de aparelhamento entre o bolsonarismo e figuras-chave do agronegócio.
Ouça o áudio aqui:
Com informações do DCM
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