3546 visitas - Fonte: Plantão Brasil
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a destoar da maioria e votou contra a condenação dos réus do chamado núcleo 4 da trama golpista, formado por bolsonaristas responsáveis pela disseminação de fake news e ataques às urnas eletrônicas. O grupo é acusado de integrar a engrenagem de desinformação que preparou o terreno para a tentativa de golpe de 2022.
Em seu voto, Fux alegou “incompetência absoluta do STF para analisar o caso” e divergiu do https://i.imgur.com/NG3lCBn.jpegrelator, Alexandre de Moraes, afirmando que “tramas, ainda que seguidas de angariamento mais favorável à sua concretização, não desbordam da seara preparatória”. Para ele, planejar um golpe sem executá-lo não configuraria crime — uma tese que ignora a existência de provas de coordenação e financiamento de atos golpistas.
O ministro também afirmou que manifestações políticas pacíficas não deveriam ser tratadas como delito, equiparando os acampamentos em frente aos quartéis a simples expressões de “desejo sincero de participação no governo”. A fala foi vista como um aceno à base bolsonarista e uma tentativa de suavizar o papel de quem incentivou a ruptura democrática.
Durante o voto, Fux ainda alfinetou o ministro Gilmar Mendes, com quem trocou farpas na semana anterior, ao afirmar — sem citar nomes — que há “ministros que não participam dos julgamentos da Turma”. O comentário reacendeu a tensão interna no STF e expôs o isolamento de Fux, único a defender abertamente a tese de absolvição dos envolvidos.
O relator, Alexandre de Moraes, reafirmou que o grupo integrou uma estrutura organizada de desinformação voltada a atacar as instituições e minar a confiança no sistema eleitoral, pedindo a condenação por golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, organização criminosa e dano qualificado. O procurador-geral Paulo Gonet também sustentou que o núcleo criou “o ambiente de desestabilização que culminou nos ataques de 8 de janeiro de 2023”.
Nos bastidores do Supremo, a expectativa é de que o julgamento termine com placar de 4 a 1, mantendo as condenações e reforçando a linha dura de Moraes contra os articuladores da tentativa de golpe. As sentenças do núcleo central, onde figura Jair Bolsonaro, devem começar a ser executadas em dezembro, consolidando o avanço da Justiça sobre os responsáveis pela maior ofensiva contra a democracia desde 1964.
Veja parte do voto do ministro Fux:
Ministro Luiz Fux segue com postura discordante no julgamento sobre réus por golpe de Estado.
— Sam Pancher (@SamPancher) October 21, 2025
Aqui, ele diz que uma piada no WhatsApp foi considerada como prova contra um dos acusados. pic.twitter.com/RUlmRlYBXB