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Na terça-feira (21), os Estados Unidos lançaram um ataque em águas internacionais do Pacífico, ao largo da costa da América do Sul, matando duas pessoas. O secretário de Defesa, Pete Hegseth, confirmou a ação nas redes sociais e declarou que “não haverá refúgio nem perdão” para o que chamou de “narcoterroristas”. A ofensiva integra a política agressiva do governo Donald Trump contra o narcotráfico na América Latina.
Sem apresentar provas, Washington afirmou que a embarcação atacada transportava drogas para os EUA. Especialistas, porém, apontam que o episódio pode configurar uma execução extrajudicial, já que não havia ameaça iminente. O ataque representa uma escalada militar, expandindo as operações que até então se concentravam no Caribe — agora também no Pacífico, principal rota marítima de cocaína rumo à fronteira mexicana.
A justificativa oficial seria o combate à crise dos opioides nos EUA, mas analistas lembram que a epidemia é alimentada principalmente por fentanil vindo da China, e não por cocaína sul-americana. Críticos veem a ação como uma tentativa de desviar o foco interno e reafirmar poder sobre a região, ressuscitando a velha política intervencionista dos EUA.
O ataque ocorre em meio a tensões diplomáticas com a Colômbia, cujo presidente, Gustavo Petro, se opõe à presença militar norte-americana. Em entrevista, Petro disse que “a solução para a crise seria tirar Trump do poder”, o que provocou forte reação em Washington. Em resposta, Trump o acusou de cumplicidade com o tráfico e ameaçou cortar a ajuda financeira a Bogotá.
O embate também reflete a disputa geopolítica dos EUA com governos progressistas da América Latina. A ofensiva militar de Trump na região tem se intensificado, com foco na derrubada do governo de Nicolás Maduro, na Venezuela. O republicano oferece US$ 50 milhões pela captura de Maduro e autorizou operações secretas da CIA no país, sob a acusação — não comprovada — de que o líder venezuelano comanda o “Cartel de los Soles”.
Maduro rejeita as acusações e denuncia o que chama de “guerra suja” de Washington, afirmando que os EUA usam o discurso antidrogas para justificar intervenções militares e políticas na América Latina, em mais um capítulo da longa história de agressões imperialistas travestidas de combate ao crime.
Assista ao vídeo:
Os Estados Unidos realizaram um ataque a uma embarcação em águas internacionais do Pacífico, na costa da América do Sul, após semanas de ofensiva no mar do Caribe. A ação foi realizada na terça-feira (21) e matou duas pessoas, anunciou o secretário de Defesa, Pete Hegseth, em um… pic.twitter.com/rOMLyaIWm1
— Folha de S.Paulo (@folha) October 22, 2025