9658 visitas - Fonte: Plantão Brasil
A madrugada desta quarta-feira (29) entrou para a história do Rio de Janeiro como um dos episódios mais brutais já registrados. Moradores do Complexo da Penha, na Zona Norte, carregaram mais de 70 corpos até a Praça São Lucas, um dia após a megaoperação policial comandada pelo governo bolsonarista de Cláudio Castro (PL). A ação, que prendeu ao menos 81 pessoas e deixou quatro policiais mortos, escancarou o colapso da segurança pública fluminense — e a indiferença de um governo que escolheu transformar o Estado em palco de guerra.
Os corpos foram encontrados em uma área de mata entre os complexos da Penha e do Alemão, na Serra da Misericórdia, epicentro dos confrontos com o Comando Vermelho. Moradores afirmam que ainda há vítimas não contabilizadas no alto do morro, o que pode elevar o número total de mortos para mais de 100. Muitos cadáveres apresentavam sinais claros de execução — tiros na nuca, facadas nas costas e ferimentos nas pernas — conforme relatou à Folha a advogada Flávia Fróes, que acompanhou a remoção.
Flávia classificou o episódio como “o maior massacre da história do Rio de Janeiro” e defendeu a presença de peritos internacionais e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. O relato de quem vive nas comunidades é de puro horror: corpos decapitados, mãos cerradas agarradas à grama e famílias desesperadas. “Em 36 anos de favela, eu nunca vi nada parecido”, declarou o ativista Raull Santiago.

Enquanto isso, o governo estadual tenta minimizar o desastre. O secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, admitiu que os corpos levados à Praça São Lucas não constam nos números oficiais — que somam 64 mortos. A perícia, segundo ele, vai apurar se as novas vítimas estão ligadas à operação. A tentativa de controle narrativo, porém, é inútil diante da dimensão da tragédia.
O amanhecer revelou o desespero coletivo: mulheres choravam diante dos corpos enfileirados, algumas com crianças nos braços. Uma mãe gritava: “polícia assassina, cadê meu filho?”. A cena, descrita por testemunhas como “de terror absoluto”, expõe o fracasso de uma política de segurança baseada na lógica da morte — herança direta dos anos de Bolsonaro e seus aliados.
A Polícia Civil informou que o reconhecimento das vítimas será feito no Detran, ao lado do Instituto Médico-Legal (IML), com acesso restrito ao MP e à polícia. Enquanto isso, o país inteiro assiste, atônito, ao resultado de uma política que trata a pobreza como inimiga e transforma as favelas em campos de extermínio.
Veja alguns dos vídeos expondo a tragédia. IMAGENS FORTES:
ATENÇÃO: IMAGENS FORTES ??
— Estadão ??? (@Estadao) October 29, 2025
Moradores levam ao menos 50 corpos para praça no Complexo da Penha após operação mais letal do Rio
A reportagem do Estadão tentou contato com a Polícia Militar e a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, mas não obteve retorno pic.twitter.com/dNSEgEtIVf
CHACINA NO RIO DE JANEIRO. Aqui estão pelo menos 40 corpos; faltando mais 10 que ainda estão descendo, no Complexo da Penha, e 6 que foram levados por moradores do Complexo do Alemão a um hospital local; fora os 64 corpos já noticiados. OU SEJA, pelo menos 120 MORTES.
— Jeje ? (@jejezaum) October 29, 2025
CLÁUDIO… pic.twitter.com/VCFmzdFhrk
?????? Durante a madrugada desta quarta-feira (29), vários corpos de criminosos do Comando Vermelho (CV) foram retirados por moradores de uma mata na Vila Cruzeiro, que divide os Complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro.
— ???????? Gabriel Ferrigno | Geopolítica (@bielferrigno) October 29, 2025
Segundo os relatos de moradores, os corpos foram… pic.twitter.com/BpNQF06klg