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O deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP), ligado ao MBL, publicou nas redes sociais uma declaração que beira a incitação à violência ao exaltar a chacina nos complexos do Alemão e da Penha e prometer uma matança ainda maior caso o pseudo-partido Missão — idealizado pelo próprio MBL — alcance o poder. Na postagem, Kataguiri projeta Renan Santos, líder do movimento, como futuro presidente e afirma que, quando isso ocorrer, “vamos promover uma [chacina] pelo menos duas vezes maior”, justificando-a como ação contra “criminosos com fuzis”. A bravata repete a retórica autoritária que naturaliza execuções sumárias e celebra o ódio como política pública — discurso que devemos repudiar com firmeza.
Inspirando-se em modelos autoritários como o de Nayib Bukele, de El Salvador, e sem pudor em suas referências, o parlamentar chegou a dizer que o lema do governo que sonha é “prendeu, matou”, elevando a violência à condição de programa de governo. Em outro trecho, Kataguiri afirmou que, se os suspeitos “resistirem”, a culpa pela própria morte será deles — uma lógica de impunidade estatal que contraria princípios básicos do Estado de Direito e da proteção à vida.
Os números oficiais da operação que ele elogiou mostram a dimensão da tragédia: 121 mortos — entre eles quatro policiais e 117 pessoas apontadas como suspeitas — e 113 prisões, com 33 detidos vindos de outros estados e 10 menores apreendidos. As forças de segurança apreenderam 91 fuzis, 26 pistolas, um revólver e toneladas de drogas ainda em contagem. O governador Cláudio Castro (PL) definiu a ação como “sucesso”, mas não comentou relatos de moradores sobre corpos encontrados em área de mata na Penha — fatos que exigem investigação rigorosa e transparência.
Autoridades de segurança detalharam a tática usada: o secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, relatou a criação do chamado “Muro do Bope”, uma manobra de cerco pela serra para empurrar suspeitos em direção a áreas de mata. Mesmo diante da apreensão de armamento, a execução em massa e relatos de corpos em matas impõem questionamentos urgentes sobre proporcionalidade, respeito a garantias processuais e responsabilidades políticas — inclusive sobre quem tem lucrado e se articulado ao redor dessas práticas.
É inaceitável que representantes eleitos alimentem a retórica da barbárie e pretendam transformá-la em política de Estado. Defender Lula e a reconstrução democrática não é só apoiar reformas sociais: é também repudiar, com toda firmeza, o discurso fascistoide que celebra chacinas e a suposta “solução” pela violência. A democracia exige investigação, responsabilização e defesa da vida — sempre.
Assista ao vídeo:
Nós faremos uma OPERAÇÃO no Rio de Janeiro DUAS VEZES MAIOR pic.twitter.com/AvYptwhzrj
— Kim Kataguiri (@KimKataguiri) October 30, 2025