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O ex-deputado Arthur do Val, o “Mamãe Falei”, cassado por fazer turismo sexual durante a guerra da Ucrânia, voltou a destilar preconceito e ódio contra os pobres. Em participação em um podcast do Movimento Brasil Livre (MBL), o ex-parlamentar afirmou que as mães das periferias seriam responsáveis pelo fortalecimento do tráfico de drogas, em um discurso misógino e elitista que ignora décadas de abandono estatal e desigualdade social.
“Essas mães falharam enquanto mães”, declarou, insinuando que as mulheres periféricas “não sabem escolher os parceiros” e culpando-as pela morte dos próprios filhos. Para o ex-deputado, que ficou nacionalmente conhecido por suas falas machistas e sua ligação com o bolsonarismo, “quem sacrificou uma geração inteira de jovens do Rio foram as mães que não souberam criar os filhos”.
As declarações revoltaram movimentos sociais e defensores de direitos humanos, especialmente por terem sido feitas em meio à comoção pela chacina nos complexos do Alemão e da Penha, a mais letal da história do Rio de Janeiro. A Operação Contenção, deflagrada na terça (28), deixou mais de 124 mortos, incluindo civis, e gerou denúncias graves de execuções sumárias e remoção irregular de corpos, além de ausência de socorro médico.
Segundo a Defensoria Pública do Estado, há fortes indícios de violação da ADPF das Favelas (ADPF 635) — decisão do STF que estabelece limites para operações policiais em comunidades e visa reduzir a letalidade do Estado. Relatos de moradores descrevem uma verdadeira caçada humana, com violência indiscriminada contra jovens negros e pobres, enquanto o governo fluminense tenta justificar a matança como “combate ao crime”.
Em resposta às denúncias, 27 organizações da sociedade civil divulgaram nota classificando a ação como “o episódio mais violento da política de segurança do Rio de Janeiro”. O texto enfatiza que “segurança pública não se faz com sangue”, denunciando o caráter racista e genocida da operação. Ainda assim, o governador bolsonarista Cláudio Castro (PL) tentou defender o massacre, afirmando que “o estado está sozinho nessa guerra” e prometendo “exceder os limites” para “proteger o povo” — o mesmo povo que chora seus mortos nas favelas.
Enquanto o bolsonarismo celebra chacinas e culpa mães pobres pela barbárie, o Brasil que acredita em justiça e humanidade cobra investigação, reparação e o fim da política de extermínio. Nenhuma sociedade pode se reconstruir sobre o sangue dos inocentes.
Veja o vídeo:
?@arthurmoledoval? , isso foi baixo demais. Quando um homem público coloca a culpa de uma chacina nas mães, ele não está só sendo cruel; está reproduzindo a lógica que historicamente culpa as mulheres, sobretudo as mais pobres , por problemas estruturais que são do Estado. pic.twitter.com/uugWlAHUbw
— Duda Salabert (@DudaSalabert) October 30, 2025