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Quatro policiais militares fortemente armados — um deles portando até metralhadora — invadiram a Emei Antônio Bento, no Caxingui, zona oeste de São Paulo, após o pai de uma menina de 4 anos chamar a PM porque a criança participou de uma atividade pedagógica sobre orixás. O episódio ocorreu em plena tarde de aula e provocou pânico entre crianças, educadores e funcionários.
O homem havia se revoltado ao descobrir que a filha desenhara Iansã a partir do livro Ciranda em Aruanda, que integra o acervo oficial da rede municipal e é amplamente reconhecido por sua qualidade literária. No dia anterior, ele chegou a rasgar um mural com desenhos das crianças, rejeitando o conteúdo previsto no currículo antirracista da cidade. Mesmo convidado para debater o tema no Conselho da Escola, o pai não compareceu — preferiu chamar a Polícia Militar.
A atividade fazia parte das diretrizes obrigatórias da educação brasileira, previstas nas leis federais 10.639/03 e 11.645/08, que determinam o ensino da história e da cultura afro-brasileira e indígena. Após ouvir a narrativa do livro, as crianças apenas desenharam livremente. Ainda assim, segundo relatos, os policiais insinuaram que a escola estaria impondo “ensino religioso”, ignorando o caráter cultural e histórico do conteúdo.
A presença de agentes armados no interior da escola — inclusive com metralhadora — deixou a comunidade escolar aterrorizada. Uma mãe classificou o episódio como “abuso de poder”, e a diretora chegou a passar mal durante a abordagem. Os PMs permaneceram por mais de uma hora no local, e toda a ação foi registrada por câmeras internas e bodycams.
A Secretaria de Segurança Pública alegou que os policiais apenas orientaram as partes a registrar boletim de ocorrência e que o porte de metralhadora seria parte do “equipamento padrão”. Já a Secretaria Municipal de Educação informou que reforçou ao pai que o trabalho pedagógico seguia o Currículo da Cidade e não tinha caráter doutrinário — apenas respeitava a legislação nacional e tratava a cultura afro-brasileira com a seriedade que o país deve à própria história.
O caso reacende o alerta sobre a instrumentalização da polícia por famílias intolerantes e sobre o avanço de discursos que tentam criminalizar conteúdos antirracistas nas escolas, alinhados ao bolsonarismo que insiste em atacar direitos, educação pública e pluralidade cultural.
Com informações do DCM
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