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O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, apresentou ao Ministério Público Federal uma representação pedindo investigação formal sobre a conduta do ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O foco é a norma editada em outubro de 2023 que flexibilizou o tratamento contábil de ativos de precatórios, medida que, segundo o parlamentar, alterou artificialmente a percepção de risco sobre instituições financeiras.
A representação cita reportagem que aponta que a mudança regulatória pode ter permitido que o Banco Master reduzisse sua exposição aparente a títulos de baixíssima liquidez e alto risco, mascarando indicadores e transmitindo ao mercado uma impressão de solidez que não correspondia à realidade. Para Lindbergh, a regra abriu espaço para manipulações que afetaram investidores, depositantes e até decisões de supervisão.
A ofensiva ocorre na esteira da liquidação extrajudicial de quase todo o conglomerado Master, decretada pelo Banco Central menos de 24 horas após a prisão do controlador do grupo, Daniel Vorcaro, durante a Operação Compliance Zero. A PF investiga um esquema de fraude estimado em R$ 12 bilhões. Mandados de busca e apreensão recaíram também sobre o BRB, que chegou a anunciar a compra de 58% do Master antes de a operação ser vetada e seu presidente afastado judicialmente.
Lindbergh argumenta que a norma assinada por Campos Neto beneficiou justamente o banco agora liquidado, permitindo que seu balanço aparentasse menor risco sem alteração real da estrutura financeira. Antes mesmo da regra, o Master já provocava desconfiança pelo volume de precatórios acumulados. A flexibilização, segundo ele, contribuiu para maquiar fragilidades e influenciar decisões de agentes do mercado.
O caso ganhou ainda mais densidade política por envolver relações de Vorcaro com figuras centrais do centrão, como o senador Ciro Nogueira, e com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha. O acúmulo de conexões elevou a pressão sobre a atuação regulatória do Banco Central durante a gestão de Campos Neto, hoje executivo do Nubank.
Em reação, Campos Neto afirmou que a crise do Master não representaria risco sistêmico e que desconhecia as negociações entre BRB e Master, tratando a norma como aprimoramento técnico. Mas, com a liquidação decretada e as investigações avançando, o caso tende a ultrapassar o campo bancário, reabrindo o debate sobre a independência do BC e os limites da atuação regulatória que marcou sua gestão.
Com informações do DCM
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