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A prisão do banqueiro baiano Augusto Lima — agora marido da ex-ministra bolsonarista Flávia Péres — expõe mais uma face do rombo bilionário que a turma ligada ao “mito” deixou pelo caminho. Sócio e CEO do Banco Master, Lima foi capturado na Operação Compliance Zero, que investiga fraudes superiores a R$ 12 bilhões, desmontando de vez o castelo de areia financeiro construído sob o guarda-chuva político do bolsonarismo e seus aliados do Centrão. Ele foi o idealizador do CredCesta, um cartão consignado que se transformou em peça central do modelo de negócios do Master, voltado principalmente para servidores públicos e trabalhadores de setores privados parceiros.
Com a operação da PF avançando, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do conglomerado, revelando um abismo contábil que já vinha preocupando o mercado. Segundo o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, parte do dinheiro ilícito já foi apreendida — R$ 1,6 milhão em espécie — em endereços ligados aos investigados. Um dos alvos foi a mansão de Flávia e Augusto no Park Way, área nobre de Brasília, embora a PF não tenha confirmado se o montante estava no imóvel do casal.
Os vínculos do casal com figuras de peso em Brasília alimentam expectativa sobre o conteúdo apreendido. Documentos e conversas podem envolver o governador Ibaneis Rocha, o ex-presidente Michel Temer e o onipresente Ciro Nogueira — mais um expoente do bolsonarismo que aparece orbitando o desastre financeiro do Master. A rede de influência, típica do jogo político à direita, agora se vê cercada por suspeitas.
A trajetória de Flávia também ajuda a entender o ambiente em que esse círculo se formou. Ex-personal trainer do então governador José Roberto Arruda, ela se tornou assessora, esposa e, anos depois, deputada federal. Assumiu a Secretaria de Governo de Bolsonaro, perdeu a eleição para o Senado em 2022 e, logo após assumir publicamente o relacionamento com Augusto Lima, passou a usar o sobrenome Péres. Dentro do Banco Master, comandou o Instituto Terra Firme, voltado a cursos de capacitação e autodefesa para mulheres — iniciativa apresentada como social, mas hoje cercada pelo escândalo que atinge o banco.
O cerco ao Master se fechou especialmente após a tentativa frustrada de vender o banco ao BRB por cerca de R$ 2 bilhões — operação que teria sido excelente para o grupo privado, mas um desastre anunciado para a estatal do Distrito Federal. O Banco Central barrou a transação, alertando para o risco de o BRB herdar ativos tóxicos e comprometer sua estabilidade, movimento que já levantava suspeitas pelo trânsito político de Flávia e Lima no governo Ibaneis.
Em meio à crise, Flávia chegou a receber Luiza Trajano em um evento do Terra Firme, emocionando a plateia com histórias de mulheres atendidas pelo instituto. A cena contrasta com o momento atual, em que o marido está preso, o banco está liquidado e a teia de relações políticas construída ao longo dos anos se desfaz diante das investigações. O caso simboliza, mais uma vez, o abismo moral e institucional que floresceu na era bolsonarista — e que agora vem à tona com a força da lei.

Com informações do DCM
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