20/11/2025 09:58

Motorista que parou o Rodoanel inventou explosivos e se amarrou sozinho, diz polícia

4498 visitas - Fonte: Plantão Brasil

Em um episódio que ganhou repercussão nacional — e caiu como prato cheio para o alarmismo da extrema direita — o motorista que bloqueou o Rodoanel Mário Covas por mais de cinco horas confessou ter inventado toda a história de sequestro que atribuiu ao Comando Vermelho. Dener Laurito dos Santos, 52 anos, admitiu na Delegacia de Taboão da Serra, nesta quarta-feira (19), que montou sozinho o falso explosivo e se amarrou na cabine antes de travar a via no km 44, sentido Dutra, na manhã do dia 12.

Câmeras de segurança revelaram o que os investigadores já suspeitavam: a carreta fez manobras arriscadas sem qualquer perseguição, obrigando outros motoristas a acelerar para evitar colisões. Outro registro mostra Dener parando em um local isolado, descendo para urinar e, logo depois, quebrando o próprio para-brisa com uma pedra — ação que ele havia descrito como um “ataque” criminoso minutos antes do falso sequestro.

A farsa desencadeou uma operação gigantesca. Os dois sentidos do Rodoanel foram interditados, o congestionamento chegou a 40 km e equipes especializadas foram mobilizadas: Esquadrão Antibombas do GATE, helicóptero Águia da PM e cães farejadores. Após horas de tensão, ficou claro que não havia explosivo algum. Dener, retirado da cabine, chegou a se jogar para fora como se estivesse desmaiado e foi levado ao hospital.

Testemunhas disseram ter encontrado o motorista repetindo frases desconexas e aparentemente em pânico. Procurado novamente, ele afirmou ao g1 que está em acompanhamento psicológico junto com a filha e evitou comentar o caso, dizendo que precisa organizar sessões com um psicólogo. Os exames toxicológicos feitos no dia do ocorrido ainda não tiveram resultado divulgado.

O episódio estourou justamente na semana em que bolsonaristas pressionavam o Congresso para tipificar narcotráfico como terrorismo — uma pauta vista como absurda por especialistas. A narrativa inicial de um caminhoneiro supostamente sequestrado por facção, naquele dia específico, acabou alimentando discursos alarmistas que a extrema direita costuma usar para justificar medidas autoritárias e descabidas.

Agora, cabe à Polícia Civil de São Paulo investigar, de forma independente e sem interferências políticas, se Dener agiu totalmente sozinho ou se recebeu influência de terceiros para encenar o episódio que paralisou parte da Grande São Paulo e provocou prejuízos significativos.

Com informações da Fórum

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