Governadores de direita aliados de Jair Bolsonaro evitaram qualquer comentário sobre o vídeo em que o ex-presidente admite ter danificado a tornozeleira eletrônica. As imagens começaram a circular na tarde de sábado (22), e, mesmo após grande repercussão pública, nenhum deles voltou às redes para enfrentar o tema até o fim de domingo (24). O silêncio expôs o constrangimento político de uma ala que vinha repetindo o discurso de “perseguição” adotado pelo bolsonarismo desde o início da crise.
Antes do vídeo vir à tona, Cláudio Castro, Jorginho Mello, Ratinho Jr., Romeu Zema, Ronaldo Caiado e Tarcísio de Freitas haviam registrado manifestações de apoio a Bolsonaro. O tom mais radical partiu de Zema, que acusou o Judiciário de atuar por “perseguição ideológica”. Horas depois, quando o país já havia visto Bolsonaro confessar a violação do equipamento, todos os aliados recuaram e desapareceram das redes.
A Justiça hoje no Brasil é utilizada apenas como arma de perseguição ideológica.
A Lei legitima a tirania. Bastiat já falava isso séculos atrás. É a história se repetindo. pic.twitter.com/u1u6X7gyFw
A única exceção parcial foi Jorginho Mello, que publicou apenas um informe administrativo sobre a construção de um hospital em Santa Catarina, ignorando completamente a crise criada pelo líder que ele defende. Ronaldo Caiado, hospitalizado após uma arritmia cardíaca, teve seus perfis atualizados apenas com boletins médicos, mas não recuou da postura inicial: horas antes havia descrito a ordem de prisão de Bolsonaro como um “triste capítulo”.
A prisão do ex-presidente foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes após pedido da Polícia Federal, que apontou risco de instabilidade provocada pela mobilização convocada por Flávio Bolsonaro no condomínio onde o pai cumpria prisão domiciliar. O relatório da PF destacou ainda a tentativa de Bolsonaro de violar a tornozeleira eletrônica — ato confessado por ele próprio e comprovado pelo vídeo.
Na audiência de custódia, Bolsonaro alegou ter tido uma “alucinação” e “paranoia”, afirmando acreditar que havia uma escuta dentro do equipamento. A defesa insistiu na versão de confusão mental para pedir o retorno à prisão domiciliar, sob argumento humanitário. O ministro Moraes manteve a prisão preventiva e ainda avaliará o pedido de reconsideração apresentado pelos advogados.
O episódio reforçou a crise política da extrema direita, que vinha tentando transformar Bolsonaro em símbolo de perseguição judicial. Com o vídeo, entretanto, até seus aliados mais barulhentos se viram obrigados a adotar o silêncio como estratégia, evitando associar seus nomes a uma nova admissão pública de violação de ordem judicial.
Com informações do DCM
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