Versão de Bolsonaro sobre “paranoia” causada por remédios não convence psiquiatras

Portal Plantão Brasil
24/11/2025 12:17

Versão de Bolsonaro sobre “paranoia” causada por remédios não convence psiquiatras

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A justificativa de Jair Bolsonaro para ter tentado romper a tornozeleira eletrônica — atribuída ao uso conjunto de sertralina e pregabalina — gerou forte estranhamento entre especialistas. Embora a combinação seja comum, segura e amplamente prescrita para idosos, psiquiatras apontam que episódios de delírio são raríssimos e, na maioria das vezes, não explicam comportamentos altamente organizados como o que o ex-presidente apresentou ao usar um ferro de solda para danificar o equipamento.

Na audiência de custódia realizada no domingo (23), em Brasília, Bolsonaro afirmou ter vivido uma “certa paranoia” causada pelos remédios e que só “caiu na razão” por volta da meia-noite. Essa versão, no entanto, contrasta com o que descrevem profissionais da área: delírios associados à combinação dos medicamentos costumam envolver confusão mental, desorientação e prejuízo de consciência — o oposto da ação metódica e premeditada vista no vídeo divulgado.

A sertralina, antidepressivo muito usado para quadros de ansiedade, depressão e pânico, e a pregabalina, indicada para dor crônica e efeitos ansiolíticos, são prescrições comuns entre idosos. Segundo o psiquiatra Ricardo Castilho, é possível que a interação provoque hiponatremia — queda de sódio no sangue — capaz de causar confusão mental. Mesmo assim, antes de culpar os remédios, seria necessário descartar causas bem mais frequentes nessa faixa etária, como infecções, desidratação ou mudanças repentinas de dose.

Para que o quadro alegado por Bolsonaro se sustentasse, Castilho reforça que seria essencial saber se houve superdosagem, suspensão abrupta ou uso inadequado — informações que não foram apresentadas. Sem isso, a hipótese do “delírio medicamentoso” fica ainda mais improvável.

O psiquiatra Rodrigo Fonseca Martins Leite, do Instituto de Psiquiatria da USP, foi taxativo: a combinação é segura e raramente gera alucinações como as descritas por Bolsonaro. Para ele, a ação de tentar romper a tornozeleira demonstra capacidade cognitiva incompatível com episódios desse tipo. Segundo o especialista, é “muito pouco provável” que a interação medicamentosa seja a responsável pelo comportamento do ex-presidente.

Diante das avaliações técnicas, a tese apresentada por Bolsonaro reforça o padrão conhecido de tentar se eximir de responsabilidade — mesmo quando confrontado por fatos, vídeos e decisões judiciais que o colocam cada vez mais perto da responsabilização definitiva.

Com informações do DCM

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