305 visitas - Fonte: Plantão Brasil
O seminário “Clima e Desenvolvimento Sustentável”, realizado pelo DCM e pela FESPSP, com apoio do BNDES, reuniu especialistas que foram unânimes em um ponto: evitar o colapso climático exige uma economia global totalmente descarbonizada. O encontro, mediado pelo jornalista Caco de Paula, destacou que o desafio não é técnico — é político, estrutural e depende de decisões de Estado, não de mercado.
Ricardo Abramovay, professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP, abriu o debate mostrando a desigualdade na responsabilidade climática. Apenas cinco países e 56 empresas concentram 66% das emissões globais. Para ele, o grande obstáculo é que corporações multinacionais dominam a difusão de tecnologias, mas não têm a mesma eficiência para criar inovações profundas, especialmente aquelas que afetariam seus próprios modelos de lucro.
Camila Gramkow, diretora da Cepal no Brasil, reforçou que o agravamento do clima não é neutro socialmente: mulheres, pobres e grupos marginalizados serão os mais prejudicados. Ela alertou para três armadilhas do aquecimento global — impacto sobre países de baixo crescimento, agravamento das desigualdades e fragilização das instituições públicas diante de eventos extremos.
O professor Alexandre Coelho, da FESPSP, destacou que o Brasil ocupa uma posição estratégica na geopolítica da transição energética, por ter uma matriz elétrica mais limpa, liderança em biocombustíveis e uma das maiores reservas de terras raras do mundo. No entanto, Abramovay lembrou que o país vive seu próprio paradoxo climático: 75% das emissões brasileiras vêm do desmatamento e da pecuária, problema histórico que governos progressistas se esforçam para enfrentar em meio à resistência do agronegócio bolsonarista.
Gabriel Aidar, superintendente do BNDES, foi direto ao ponto: “só o mercado não fará a transição”. Ele apresentou os investimentos previstos até 2026 — R$ 50 bilhões no Fundo Clima e R$ 7 bilhões para reflorestamento na Amazônia. Segundo Camila Gramkow, os países emergentes precisarão investir cerca de 5% do PIB em mitigação, e o impacto sobre emprego e renda exige planejamento estatal, não improviso.
O debate terminou com um alerta e uma oportunidade. Mesmo com a falta de consenso na COP30 sobre o abandono dos combustíveis fósseis, Gramkow lembrou que a mudança é inevitável. Aidar destacou que o custo da inação é incalculável. E Coelho, da FESPSP, afirmou que existe um vácuo global de liderança — que o Brasil pode ocupar, desde que avance na redução de emissões internas e aproveite seu potencial energético para orientar a nova geopolítica verde.
Com informações do DCM
Plantão Brasil foi criado e idealizado por THIAGO DOS REIS. Apoie-nos (e contacte-nos) via PIX: apoie@plantaobrasil.net
Follow @ThiagoResiste
APOIE O PLANTÃO BRASIL - Clique aqui!
Se você quer ajudar na luta contra Bolsonaro e a direita fascista, inscreva-se no canal do Plantão Brasil no YouTube.