2997 visitas - Fonte: Plantão Brasil
O depoimento duro de um profissional da linha de frente em Manaus expõe, sem filtros, o horror vivido durante a pandemia e desmonta qualquer tentativa de romantizar ou humanizar Jair Bolsonaro, responsável político pelo caos que devastou o país. Ele relata que, em abril de 2020, observava da varanda de casa um congestionamento de carros funerários levando caixões ao cemitério, enquanto alunos recém-formados o procuravam desesperados. Dois dias depois de seu aniversário, Manaus registraria um recorde de mortes.
O colapso se agravou: ele perdeu o padrasto, viu a mãe quase morrer, adoeceu, perdeu a memória e enfrentou quadros graves de covid. Em janeiro de 2021, reviveu um dos momentos mais traumáticos da crise — a falta de oxigênio. Trabalhando perto do Samu, desenvolveu estresse pós-traumático porque o som das ambulâncias lembrava as pessoas morrendo sem ar. A única forma de aliviar o sofrimento foi transformar tudo em relato e publicá-lo.
Durante a crise, atuou nas pesquisas da Coronavac com outros profissionais dedicados, enquanto era ameaçado de morte por negar vacina a quem tentava furar o protocolo científico. Passava noites chorando, mergulhado em análises e dados devastadores, que provocavam náuseas e crises emocionais. Nos mutirões de vacinação, lembra clima de “operação de guerra”, como nos filmes de apocalipse.
Depois, começou a atender sobreviventes do apagão de oxigênio — um processo que o destruía por dentro. A carga emocional era tão grande que precisava de supervisão clínica diária por horas. Nem os psicólogos aguentavam o volume de sofrimento, e muitos profissionais passaram a receber treinamento remoto para dar conta da demanda que ainda parecia interminável.
Ele descreve ter se transformado em um “zumbi” até o fim da pandemia, consumido pelo trabalho, pela dor alheia e pelas cenas que testemunhou. O relato é um pedido de memória e justiça: que Bolsonaro, sua família e sua rede política enfrentem consequências por cada vida destruída, cada sofrimento evitável, cada decisão criminosa.
O sobrevivente encerra dizendo que espera que as próximas gerações saibam que essa “gente podre” não ficou impune — e que a dor dos que resistiram à tragédia jamais seja apagada ou distorcida.
Veja aqui o relato contundente que não deve ser esquecido:
21 de abril de 2020. Eu estava na varanda do apto e tinha engarrafamento de carros de funerárias com caixões em direção ao cemitério. Eu acordei com alunos recém graduados chorando no telefone e pedindo apoio emocional. Todo mundo estava em pânico. Parecia um filme de terror. 2… pic.twitter.com/0dn3aROf6S
— Concierge do porão... (@eduhonorato) November 22, 2025