2865 visitas - Fonte: Folha
A família do presidente Jair Bolsonaro decidiu tentar influenciar a escolha do novo procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro. O nome a ser escolhido em dezembro comandará o órgão responsável pelas investigações contra o senador Flávio e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).
Flávio aposta que a escolha do novo chefe do Ministério Público estadual será feita pelo atual vice-governador Cláudio Castro (PSC), de quem tem se aproximado. O senador avalia que o afastamento de Wilson Witzel (PSC), ex-aliado e atual adversário, é iminente.
Alvo de processo de impeachment, o atual governador já foi aconselhado a sinalizar ao senador que aceita indicar um nome com seu aval a fim de tentar reconstruir pontes com a família presidencial. A negociação também serviria para tentar agradar deputados estaduais, que temem as investigações do órgão.
O último mandato do procurador-geral Eduardo Gussem foi marcado pelas críticas públicas feitas pelo senador à investigação sobre seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa. O filho do presidente é suspeito de recolher parte dos salários de seus funcionários para pagar despesas pessoais, além de criar um esquema de lavagem de dinheiro com imóveis e com uma loja de chocolates.
Carlos, por sua vez, é suspeito de empregar funcionários fantasmas em seu gabinete na Câmara Municipal. Investigadores avaliam que a “rachadinha” atribuída a Flávio também pode se estender aos assessores do irmão.
O mandato de Gussem termina em dezembro. A campanha para a eleição interna se inicia em setembro.
A Constituição fluminense impede a repetição da estratégia adotada pelo presidente, que ignorou os três nomes mais votados pela categoria ao escolher Augusto Aras para chefiar a Procuradoria-Geral da República. O governador fluminense é obrigado a optar por um nome da lista tríplice eleita internamente.
A interlocutores o senador tem dito não ser necessário interferir na eleição interna, mas considera natural ser consultado pelo governador como num gesto de aproximação com o Palácio do Planalto. Flávio expôs a aliados que o perfil ideal seria um nome que distencione o que considera um clima político no órgão.
Aliados dos Bolsonaro, contudo, buscam uma opção própria que consiga votos para entrar na lista.
Ainda assim, atender aos desejos da família presidencial poderá levar à quebra de uma tradição. Há 15 anos o escolhido é o mais votado da lista. Os candidatos também costumam se comprometer, por escrito, a recusar a indicação caso não lidere o pleito entre seus pares.
As pessoas ligadas aos Bolsonaros sabem ser difícil que seu escolhido seja o mais votado, por resistência dentro da categoria.
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