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O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, parece ter concretizado seu plano de envolver diretamente os Estados Unidos na guerra contra o Irã. A análise é de David Phillips, pesquisador visitante da Universidade de Oxford e ex-conselheiro do Departamento de Estado norte-americano, que atuou nos governos de Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama. Em entrevista à Al Jazeera, Phillips afirmou que essa sempre foi a estratégia de Netanyahu, e que agora ela se confirmou. “O plano de Netanyahu sempre foi arrastar os Estados Unidos para o conflito — e parece ter sido bem-sucedido nisso”, declarou.
As declarações surgem logo após os bombardeios conjuntos de Israel e dos EUA contra três instalações nucleares iranianas, incluindo a altamente protegida base subterrânea de Fordow. Para Phillips, essa escalada poderia ter sido evitada, especialmente porque havia avanços nas negociações diplomáticas entre Washington e Teerã. “Todo esse episódio era desnecessário. Existia uma proposta concreta na mesa que tornaria a ação militar dispensável”, lamentou.
Apesar das tentativas do governo Trump de tratar o ataque como uma ação cirúrgica e isolada, o ex-conselheiro alerta que essa visão é extremamente ingênua. Na sua avaliação, não há qualquer possibilidade de este ser um episódio isolado que leve à pacificação. Pelo contrário, o ataque apenas inaugura uma nova fase no longo conflito entre Estados Unidos e Irã, aumentando significativamente os riscos de retaliações e de uma escalada militar ainda maior.
A postura de Netanyahu ao longo da crise reflete claramente uma escolha pela guerra em vez da diplomacia. Mesmo diante de janelas de negociação, o primeiro-ministro israelense apostou na estratégia de pressão militar, calculando que uma ofensiva forçaria os EUA a cruzarem a linha do mero apoio diplomático e se envolverem diretamente no campo de batalha.
Esse envolvimento direto dos Estados Unidos, agora sob o segundo mandato de Donald Trump, representa uma guinada radical em relação às promessas de campanha do próprio presidente, que assegurava ao eleitorado americano que evitaria novas guerras no Oriente Médio. A aliança entre Trump e Netanyahu atinge, assim, um novo e perigoso patamar, cujas consequências geopolíticas são imprevisíveis.
David Phillips foi categórico ao afirmar que a ideia de que os ataques possam abrir espaço para negociações de paz é uma ilusão. “Netanyahu decidiu avançar com os ataques. Seu objetivo sempre foi puxar os Estados Unidos para dentro do conflito — e conseguiu. A retaliação iraniana é apenas uma questão de tempo”, advertiu. Na sua análise, o cenário que se desenha é o de uma guerra prolongada, que pode ter efeitos devastadores tanto para a estabilidade do Oriente Médio quanto para a política externa dos EUA.
Com informações da Al Jazeera
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