22/7/2014 14:25

Em Minas faltam Bombeiros para 8 milhões de pessoas.

Governo do Estado não deu cobertura a boa parcela da população mineira.

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Belo Horizonte (20 de julho) – Uma explosão em Santo Antônio do Monte – no Centro-Oeste de Minas – na última segunda-feira (14/7) matou quatro pessoas e deixou uma ferida. A cidade, que possui 72 fábricas de fogos de artifício, não possui Corpo de Bombeiros. O acidente, mais uma vez, acendeu o alerta vermelho sobre a situação da corporação no estado.



No Norte de Minas, acidentes automobilísticos são rotineiros na perigosa e movimentada rodovia BR-251, próxima à cidade de Salinas, rota de caminhões que rumam para o nordeste do país. A região também sofre com a ausência de guarnição do Corpo de Bombeiros: a mais próxima fica a cerca de 250 quilômetros de distância, em Montes Claros. Em Minas Gerais inteira, apenas 54 municípios, de um total de 853, contam com a presença constante dos militares. Pelo menos oito milhões de pessoas vivem em municípios que não têm pelotão de bombeiros no estado.



Plano de expansão divulgado recentemente pretende instalar pelotões em 56 cidades nos próximos 10 anos, todas com mais de 30 mil habitantes. Para cumprir essa meta, no entanto, o ritmo de extensão de unidades teria que quase triplicar: desde 2003, foram construídos apenas 21. Santo Antônio do Monte tem 25 mil habitantes e não consta no plano do governo para a construção de novas guarnições de bombeiros.



Candidato ao governo do estado, Fernando Pimentel (PT) relaciona a questão a um contexto de descaso com a segurança pública por parte do governo estadual. “É uma situação de fato preocupante. Na cidade de Ponte Nova [Zona da Mata], por exemplo, há um destacamento do Corpo de Bombeiros que é responsável por cuidar de outras 13 cidades da região. Por mais que o Corpo de Bombeiros se desdobre, é humanamente impossível responder por uma quantidade tão grande de cidades sem equipamento e sem efetivo adequado. Se houver dois incêndios simultâneos, um deles ficará sem o socorro dos bombeiros”, afirma.



O prefeito de Salinas, Joaquim Dias (PT), conta que há um ano cedeu terreno municipal e disponibilizou recursos para o governo do estado construir uma unidade na cidade, mas até hoje nada foi feito. “O próprio Corpo de Bombeiros reconhece a necessidade de haver uma sede em Salinas. Eles vêm diariamente de Montes Claros. Hoje todo projeto da prefeitura, qualquer evento, depende da aprovação do Corpo de Bombeiro”, lamenta.



Em Barroso, no Campo das Vertentes, uma tragédia abalou a população em abril deste ano: cinco crianças morreram em um incêndio. O Corpo de Bombeiros de Barbacena, a 25 quilômetros, demorou 28 minutos para chegar ao local, mas não foi possível salvar nenhuma das vítimas.



Taxa de incêndio

Em 2003, o então governador Aécio Neves criou uma taxa de incêndio no estado, que arrecada R$ 50 milhões por ano, mas o novo imposto não refletiu na construção de novas sedes para os bombeiros e na ampliação do atendimento aos mineiros. O imposto é cobrado em 80 cidades do estado, mas em 25 delas não há Corpo de Bombeiros. Em 2013, poucos meses após o incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria (RS), o Ministério Público de Minas Gerais abriu investigação sobre a destinação da taxa de incêndio. No mesmo ano, R$ 1,5 milhão da arrecadação da taxa foi remetido ao caixa único do estado e não foi gasto com a corporação.



Pior estado do Sudeste

No Sudeste do país, Minas Gerais é o estado com a menor proporção de unidades por cidade: 6,3%. São Paulo tem cobertura direta em 22,9% de suas cidades; o Rio de Janeiro, em 47,8%; e o Espírito Santo, em 12,8%. A corporação conta atualmente com um efetivo de apenas 5.380 homens e mulheres em Minas, um déficit de 15,9%, segundo o regimento interno dos próprios bombeiros. No estado, há um bombeiro para cada 3.717 habitantes. A proporção ideal, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), é um para cada mil pessoas. Para alcançar o número recomendado, Minas Gerais teria que praticamente quadruplicar o número de bombeiros que possui.

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