591 visitas - Fonte: Tijolaço
Preparei, com base nos dados do Datafolha passado (aqui) e no divulgado ontem, com a distribuição do eleitorado por renda, conforme o gráfico da edição impressa da Folha de hoje, que reproduzo ao lado, uma demonstração interessante sobre o que está ocorrendo no processo eleitoral que a mídia apresenta como “estável”.
Muito mais do que discutir os números – porque estaríamos discutindo frações, amostras e a subjetiva “honestidade” dos institutos – interessa ver o que os dados revelam.
E isso mostra que o “estável” é falso, porque esconde um movimento que as variações eleitoral por classe de renda revelam.
Fica claro que Marina Silva perdeu força nos núcleos de renda mais alta (no caso brasileiro, deveríamos dizer “menos baixa”) onde tinha um favoritismo incontrastável. E perdeu muita força, e rapidamente, já que o intervalo entre as pesquisas é de menos de apenas uma semana.
Não há margem de erro que explique sua queda nas classes A/B.
Nas classes D/E, você pode observar, o patrimônio eleitoral de Dilma segue com quase nenhuma alteração em quase um mês de pesquisas. Baixo em relação ao que poderia ser, pelo que direi a seguir.
É na classe C, maior beneficiária dos governos Dilma e Lula que se encontra a principal fraqueza dos dois, como este modesto blog apontou há poucos dias.
Embora se deva, claro, dar atenção ao voto regional – e São Paulo é grave problema – o voto para presidente é nítidamente “descolado” das questões locais, como prova o fato de que dificilmente o “marinismo” fará governadores, a não ser no colo do PSDB.
A rejeição a Marina, por razões político-ideológicas é um processo já em curso e vai se espalhar mais. O pouco ou muito está fora do controle do governo, porque depende do impulso da mídia.
O foco da campanha de Dilma, numa análise que leve em conta este fenômeno do “filho pródigo”, deve ser, sim, o de falar-lhes claramente que sua ascenção (representada pelo emprego formal, pelo salário, pelo crédito imobiliário e de consumo) está em perigo por conta de uma situação que mescla o desconhecido inconfiável (a personalidade de Marina) com o conhecido e detestável (a turma da direita que a ela se ligou).
O desafio é fazer, em 50 dias (o primeiro e o segundo turnos) o que não se fez, senão por espasmos eleitorais, durante uma década: discurso político direto aos beneficiários de um Brasil que saiu da estagnação.
O preço da falta de polêmica está sendo injusta e amargamente pago. Mas tudo é tão evidente que um pouco dela pode fazer um grande efeito, como um remédio que só cura depois de um longa e regular administração.
Mas cujo uso, de imediato, traz alívios significativos.
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