586 visitas - Fonte: Tijolaço
O povo coloca um partido – ou uma força política – e um candidato no poder para que ele o exerça, não para que “ganhe” o direito de ocupar posições, ministérios e o direito de ser chamado de “Sua Excelência”.
O faz para que execute políticas, medidas e decisões que correspondam aos interesses da maioria que o elegeu.
É preciso que nós entendamos que é nisso em que o povo brasileiro votou: crescimento econômico, distribuição de renda, inclusão social, melhorias na infraestrutura do país e preservação e ampliação das liberdades públicas.
Ao governante, portanto, se exige capacidade de viabilizar, no debate e no exercício do poder político que possui, estes objetivos.
No mundo real, não que fica um andar abaixo – e em geral muito mais que um andar apenas – abaixo do mundo dos desejos.
Mas este não pode ser deixado de lado, porque além de nos perdermos, em lugar de elevar a ele a realidade, aceitamos a confusão e nos tornamos frágeis, como aquele que só olha para baixo ao fazer uma escalada.
O nome disso: conviver e move-se nas pedras da realidade sem deixar de mirar o cume, chama-se política.
O Governo Dilma, nesta segunda etapa, tem imensos e intrincados desafios.
O primeiro deles, está evidente, é escapar do cerco institucional que lhe fazem hoje todos os poderes reais: o parlamento, o poder econômico, o aparelho judicial – Judiciário, Ministério Público, Polícia Federal – e, sobretudo, a mídia brasileira.
No médio prazo, isso só se fará com mobilização popular – a mais legítima das pressões – mas no curto prazo é preciso “quebrar” este bloco, que é, no mais das vezes, interesseiro, mesquinho, corporativo e – viu-se muito bem no episódio Veja – desprovido de considerações e limites éticos.
Conversar e ceder ao limite do tolerável e isolar aquilo que é o intolerável, o bandido, o criminoso, o chantagista.
A estes, como ficou evidente no mesmo caso Veja, isolar significa fazerem sentir o peso da lei, sem tergiversar em ilusões de omeletes em rede nacional.
Mas, ao mesmo tempo, entender que quem empurrar o governo Dilma para o radicalismo é a direita, não a esquerda.
Porque a direita é quem aposta no isolamento deste governo, na sua incapacidade de reunir forças que o permitam fazer aquela singela lista de desejos do povo brasileiro que elenquei acima.
Dilma e as forças vencedoras da eleição de domingo, embora tenham o dever político de chamar todos ao diálogo e governar para todos os brasileiros, seus eleitores ou de Aécio, têm também a obrigação de implementar as posições e políticas que saíram vitoriosas do pleito e isso não será feito sem partir a aliança que contra ela se formou e a distância política – em que ela se viu prisioneira, durante bom tempo – daqueles que se beneficiaram de um surto de progresso e justiça como raramente se viu na história deste país.
A eleição acabou – embora a direita mais transtornada não se conforme com isso – e teremos de ser maiores no governo do que fomos na campanha.
Se os derrotados não adotam uma civilizada postura de se vergarem à vontade popular, é preciso levar a opinião pública a perceber sua insubmissão à democracia.
O que temos de impedir é que o preconceito e a irracionalidade conquistem tanta gente, como conquistaram.
A batalha por corações e mentes é a maior que enfrentaremos, mas também a mais promissora de todos.
Porque foi no coração valente de Dilma e na mente lúcida do povo brasileiro, que soube colocar sua vida real acima do tsunami de mídia com o que o tentaram afogar, que se conquistou a vitória eleitoral.
Como, há 50 anos, Getúlio sobreviveu, mesmo morto, ao “mar de lama” udenista com que se o matou.
Estamos no Governo, embora não estejamos inteiramente no poder, como previu Vargas àquela época.
Cabe-nos, na batalha política, enfrentar a nova UDN e tomar-lhe a hegemonia em que em nenhum campo foi tão grande como na comunicação.
E, nessa luta, criar as condições para a continuidade do processo de transformação da sociedade brasileira.
Que é mais lento do que desejamos, mas que é mais rápido do que, senão em nossos melhores sonhos, está acontecendo.
E porque está acontecendo de fato, vencemos as eleições contra a mais monstruosa aliança conservadora – que reuniu políticos, mercados e mídia – já formada neste país.
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