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Policiais militares de São Paulo vêm denunciando uma prática cada vez mais comum e alarmante dentro da corporação: a pressão velada para que participem de cultos religiosos organizados pela Igreja Universal do Reino de Deus. O cabo Marco Aurélio Bellorio, católico, recusou-se a ir a um desses encontros após uma jornada de 13 horas de trabalho. Por isso, sofreu perseguição interna, foi alvo de processo disciplinar, tentou recorrer à Justiça por danos morais — e teve o pedido negado. Agora, cinco anos depois, o processo contra ele foi reaberto.
Segundo Bellorio, sua única “falha” foi recusar-se a “ficar ouvindo pastor” em um ambiente que deveria respeitar a liberdade religiosa garantida pela Constituição. Outros policiais também relataram perseguições semelhantes. O soldado Marcelo, ateu, afirmou que evita participar dessas reuniões e, por isso, sofre retaliações. Ambos criticam a influência crescente da Universal dentro da PM paulista, que tem se infiltrado em batalhões sob a desculpa de prestar “assistência espiritual”.
A Universal nas Forças Policiais (UFP) foi criada em 2018 e realiza cultos com PMs uniformizados e durante o expediente. Em fevereiro deste ano, por exemplo, 2.500 policiais participaram de uma maratona de 12 horas no templo do Brás para definição de vagas de trabalho. A Universal não respondeu às acusações de doutrinação religiosa nas corporações. Especialistas denunciam o uso da estrutura da segurança pública para espalhar influência religiosa e ideológica em policiais emocionalmente vulneráveis.
Embora a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo negue vínculos com igrejas e alegue que os espaços são apenas “cedidos”, os fatos apontam o contrário. Ex-PMs e analistas políticos classificam a prática como uma afronta à laicidade do Estado. Segundo o cientista político Guaracy Mingardi, qualquer imposição de natureza religiosa dentro de órgãos públicos é inconstitucional e deve ser combatida.
A expansão da Universal nas polícias é assustadora. Já são 20 mil capelães atuando no país, número que se equipara ao de padres católicos em atividade. O projeto já alcança outras forças, como Exército e Aeronáutica, e começa a ser replicado por outras igrejas evangélicas, como a Assembleia de Deus. Em um caso extremo, um PM morreu em acidente de trânsito após ser obrigado a comparecer a uma dessas reuniões sem ter descansado do plantão anterior.
Com informações do DCM
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