12/8/2025 09:48

Tarifaço de Trump abre brecha para Big Tech tentar afrouxar regras no Brasil

563 visitas - Fonte: Plantão Brasil

O tarifaço de 50% imposto por Donald Trump sobre produtos brasileiros ainda não conseguiu livrar Jair Bolsonaro da prisão domiciliar, mas abriu espaço para que gigantes da tecnologia intensifiquem sua presença nos bastidores de Brasília. Aproveitando o momento de tensão comercial, empresas como Google e Meta passaram a ser recebidas por autoridades do governo e ministros do Supremo, em meio à elaboração de novas regras para redes sociais e inteligência artificial.

O Brasil é hoje referência mundial no combate à desinformação, com regras rígidas que responsabilizam plataformas por conteúdos ilegais e obrigam a monitorar publicações patrocinadas. Essa postura firme, conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, tem irritado as Big Techs, que acusam o país de impor normas “vagas” e “pesadas”. Ainda assim, o clima de pressão econômica criado por Trump abriu canais de negociação que antes eram improváveis.

Um dia antes da entrada em vigor das tarifas, representantes de grandes empresas de tecnologia participaram de reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin, que contou até com participação remota de um emissário do secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick. O encontro foi visto como um sinal de que o Brasil estava disposto a dialogar com o setor, mesmo mantendo o compromisso com a regulação. Logo após, o governo propôs criar um grupo de trabalho sobre regulação, inovação e investimentos, incluindo a possibilidade de novos centros de dados no país.

Para Alckmin, a regulação das Big Techs é um debate global. Ele defendeu que o Brasil aprenda com experiências de outros países antes de tomar decisões finais, analisando o que funcionou e o que gerou críticas. A fala foi interpretada como um gesto de abertura, ainda que o governo mantenha a posição de que a internet não pode continuar sendo um território sem lei.

Trump, por sua vez, tenta usar o discurso de que as regras brasileiras “censuram” conservadores e prejudicam empresas dos EUA. Lula, que inicialmente chamou as tarifas de “chantagem”, chegou a prometer endurecer a fiscalização, mas agora trabalha para equilibrar firmeza e negociação, priorizando a proteção do mercado e a soberania nacional.

A disputa envolve um mercado de 212 milhões de brasileiros, altamente conectado e de enorme interesse para a indústria global de tecnologia. Especialistas alertam que, se as Big Techs conseguirem suavizar as regras, Trump poderá vender isso como uma vitória política — embora o drama judicial de Bolsonaro siga sem solução e o país mantenha seu protagonismo no combate à desinformação.

Com informações do DCM

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