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A cada revelação da Polícia Federal, fica mais claro como Jair Bolsonaro usava o poder para proteger a própria família e sabotar a democracia. Novos diálogos mostram o ex-presidente articulando nos bastidores para tentar estender a licença de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que fugiu para os Estados Unidos em março.
Em áudios obtidos pela PF, Bolsonaro pressiona aliados para mexer no regimento da Câmara. A um assessor de Eduardo, ele pede: “Ô Gordo, me acha no regimento de vocês aí a licença por até quatro meses. Tira uma fotografia e manda pra mim. Eu quero preparar aqui, botar uma vírgula, para poder ser prorrogado por mais um período. Tá ok?”. Logo em seguida, recebe o documento solicitado.

Na sequência, Bolsonaro recorre ao líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ). Em mensagem de 1º de julho, pede ajuda para garantir a prorrogação da licença: “Sóstenes, abusando da tua boa vontade aí, vê se a gente pode nesse dispositivo aí do regimento interno ir prorrogando por igual período, mais quatro meses. Vê se é possível aí”. O deputado promete levar o assunto ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).

O plano era simples: manter Eduardo fora do Brasil sem perder o mandato, garantindo imunidade parlamentar para se blindar da Justiça. Bolsonaro já falava sobre essa estratégia desde junho, chegando a comentar com assessores que queria “recuperar o mandato dele e ficar fora do Brasil”.
No dia 5 de julho, Bolsonaro enviou mensagem não só a Eduardo, mas também a outros 47 deputados, pedindo apoio a um projeto do bolsonarista Evair Vieira de Melo (PP-ES), que alterava o regimento da Câmara para permitir que parlamentares exercessem o mandato mesmo fora do país.
Essas mensagens reforçam o inquérito da PF que levou ao indiciamento de Jair e Eduardo Bolsonaro por tentativa de interferência no julgamento da trama golpista. Enquanto o clã posa de perseguido, a cada prova revelada fica evidente que a família Bolsonaro sempre esteve disposta a usar a política como escudo pessoal contra a lei.
Com informações do DCM
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