Bolsonaro mentiu na ONU em pelo menos seis pontos que foram checados pelo Yahoo Notícias. Veja a lista

Portal Plantão Brasil
21/9/2021 17:54

Bolsonaro mentiu na ONU em pelo menos seis pontos que foram checados pelo Yahoo Notícias. Veja a lista

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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) discursou na abertura da 76ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira (21), em Nova Iorque.

O Yahoo! Notícias verificou as declarações do presidente.



“Estamos há dois anos e oito meses sem qualquer caso de corrupção”

A afirmação é falsa. O presidente Jair Bolsonaro ignorou o fato de que diversas investigações estão em curso envolvendo familiares de Bolsonaro e aliados, inclusive relacionados à compra de vacinas contra a covid-19.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado apura denúncias de corrupção envolvendo a compra de vacinas contra a covid-19 pelo governo de Jair Bolsonaro.

Um dos casos diz respeito à aquisição de doses da vacina Covaxin, por meio de contrato com a empresa Precisa Medicamentos, com possível superfaturamento e tráfico de influência na negociação.

Outra suspeita envolve pedido de propina de US$ 1 por dose em troca de assinatura de contrato de venda de vacinas da AstraZeneca com o Ministério da Saúde.

Já os filhos do presidente são investigados pela prática da "rachadinha" - esquema de desvio de salários de funcionários de gabinete no período em que o senador era deputado estadual no Rio. O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) foi denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por liderar uma organização criminosa, lavagem de dinheiro, peculato e apropriação indébita.

O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) também é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro após investigações apontarem que assessores nomeados em seu gabinete nunca exerceram de fato essas funções. Promotores suspeitam da existência de um esquema de rachadinha e de funcionários “fantasmas”.



“Nosso Banco de Desenvolvimento era usado para financiar obras em países comunistas sem garantias".

A alegação do presidente Jair Bolsonaro não condiz com a realidade. O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem três linhas de financiamento para estimular operações de comércio entre empresas brasileiras e importadores estrangeiros.

Ou seja, são as empresas brasileiras que recebem os recursos, aqui no Brasil. O BNDES não envia recursos a países.

O maior importador de bens e serviços brasileiros financiados pelo banco são os Estados Unidos (US$ 17,8 bilhões). Em seguida, vêm Argentina (US$ 3,5 bilhões), Angola (US$ 3,4 bilhões), Venezuela (US$ 2,2 bilhões) e Holanda (US$ 1,4 bilhão).

Outros países que contrataram serviços de engenharia brasileiros por meio do BNDES são: Costa Rica, Cuba, Equador, Gana, Guatemala. Honduras, México, Moçambique, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai.

Para empreendimentos em Cuba, foram liberados US$ 656 milhões.

De fato, a partir de janeiro de 2018, segundo o BNDES, surgiram inadimplementos dos pagamentos da Venezuela (US$ 374 milhões), Moçambique (US$ 118 milhões) e Cuba (US$ 62 milhões).



“Nenhum país do mundo possui um legislação ambiental tão completa quanto a nossa”.

Na prática, o governo de Jair Bolsonaro incentivou o desmonte da legislação ambiental e enfraqueceu os órgãos de controle. A política ambiental da gestão Bolsonaro é alvo de inquérito no Ministério Público Federal (MPF).

Segundo o MPF, a desestruturação da área acontece em quatro frentes, uma delas é a desestruturação normativa. Os procuradores apontam que decisões do governo, especialmente do Ministério do Meio Ambiente, teriam contribuído para enfraquecer o arcabouço de leis ambientais.

Eles citam, por exemplo, a mudança de normas de proteção da Mata Atlântica através de portaria do Ministério do Meio Ambiente, deixando de aplicar legislação específica para o bioma para adotar o Código Florestal - o que os procuradores definem como “decréscimo de proteção”.



"Somente nos primeiros 7 meses desse ano, criamos aproximadamente 1 milhão e 800 mil novos empregos".

A informação divulgada pelo presidente Jair Bolsonaro está de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério da Economia. Mas é importante destacar que o governo, em janeiro de 2020, mudou a metodologia do Caged e passou a levar em consideração as informações do eSocial.

Com isso, houve a inclusão de mais profissionais na base de análise, como os temporários e bolsistas, por exemplo, o que não ocorria na metodologia usada até dezembro de 2019. Em função dessa alteração, os números de criação de empregos tendem a ser mais positivos.

A última atualização do Caged foi feita no mês passado e mostra que, de janeiro a julho deste ano, o país registrou um saldo positivo de 1.848.304 empregos. Nos sete primeiros meses, foram contabilizadas 11.255.025 admissões e ocorreram 9.406.721 desligamentos.



"No último 7 de setembro, data de nossa Independência, milhões de brasileiros, de forma pacífica e patriótica, foram às ruas, na maior manifestação de nossa história".

A afirmação é falsa. O ato com pautas antidemocráticas convocado pelo presidente no aniversário da independência do Brasil não foi a maior manifestação da história do país. Não existe uma série histórica ou registros que comprovem a fala do presidente.

De acordo com o DataFolha, a maior manifestação política registrada na cidade de São Paulo foram os protestos favoráveis ao afastamento da então presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016. À época, 500 mil pessoas ocuparam a Avenida Paulista.

O Yahoo! Notícias verificou peças de desinformação que circularam nas redes sociais sobre o 7 de setembro.



“Desde o início da pandemia, apoiamos a autonomia do médico na busca do tratamento precoce, seguindo recomendação do nosso Conselho Federal de Medicina”.

De fato, o governo Bolsonaro adotou uma postura anticiência durante a pandemia e recomendou o chamado “tratamento precoce” com medicamentos ineficazes contra a Covid-19. No entanto, não é correto afirmar que essa é uma diretriz adotada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

O Conselho dá autonomia para os médicos receitarem remédios fora das orientações de bula, é o chamado uso “off label”. Em seu site, o CFM diz: “Deve ser lembrado que a autonomia do médico e do paciente são garantias constitucionais, invioláveis, que não podem ser desrespeitadas no caso de doença sem tratamento farmacológico reconhecido —como é o caso da covid-19—, tendo respaldo na Declaração Universal dos Direitos do Homem, além do reconhecimento pelas competências legais do CFM, que permite o uso de medicações “off label”.

Um medicamento é considerado eficaz após passar por estudos clínicos e metodológicos que atestem seus benefícios e riscos. Estudo publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em março de 2021 sobre medicamentos preventivos “faz uma recomendação forte contra o uso de hidroxicloroquina”, após a análise de seis estudos.

Até o momento, não há estudos suficientes que comprovem o benefício da ivermectina na prevenção ou tratamento em qualquer estágio da doença. Em outro documento, a OMS diz que “não temos evidências persuasivas de um mecanismo de ação da ivermectina na Covid-19” e recomenda que o medicamento não seja usado, exceto no contexto de um ensaio clínico.



“Na economia, temos um dos melhores desempenhos entre os emergentes”.

Bolsonaro ainda declarou que a economia brasileira é a melhor entre os países considerados emergentes. Mas a afirmação não está correta. Relatório publicado em julho pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), mostra que em 2020 a economia brasileira encolheu 4,1%. Comparando com a média mundial, de 3,2%; e a média das economias emergentes, de 2,2%; é possível verificar que o Brasil apresentou os piores índices nesse período.

O Produto Interno Bruto (PIB) recuou 0,1% no segundo trimestre deste ano. O fraco desempenho da economia brasileira colocou o país na 38ª posição em ranking que lista as 48 maiores economias do mundo, de acordo com o ranking da Austing Rating.



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