Marcos Lisboa pergunta: Qual Lular pode voltar?

Portal Plantão Brasil
30/4/2014 10:27

Marcos Lisboa pergunta: Qual Lular pode voltar?

0 0 0 0

994 visitas - Fonte: Brasil 247

Economista Marcos Lisboa, que foi assessor destacado da equipe de Antonio Palocci na primeira fase do governo Luiz Inácio Lula da Silva, pergunta qual dois Lulas estaria disposto a voltar em 2014: o liberal ou o intervencionista?



O economista Marcos Lisboa, principal economista da primeira fase do governo Lula, quando a economia foi gerida por Antonio Palocci, levanta uma questão: caso o ex-presidente Lula decida realmente voltar, ele viria na roupagem pragmática ou intervencionista? Leia abaixo:



Quem volta?



A dúvida não é apenas a volta, mas a volta de quem, seja como fiador ou candidato. O Lula pragmático ou o intervencionista?



A especulação sobre a possível nova candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem alimentado o debate entre analistas políticos e inquietado os mercados.



Talvez ela seja inevitável, tendo em vista a maior incerteza com relação à reeleição da presidente Dilma Rousseff, que ameaça a aliança política dominante e revela as fissuras e os conflitos intestinos de uma base aliada que dispensa oposição.



A recente maior proeminência do fiador da presidente não reduz a incerteza sobre a condução da política econômica.



O primeiro governo Lula (2003-2006) combinava um discurso à esquerda com uma gestão econômica mais conservadora e uma intervenção social focalizada, por isso mesmo criticada à esquerda, ampliando os programas sociais introduzidos no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).



O segundo governo Lula (2007-2010), sobretudo após a crise de 2008, alterou a política econômica, resgatando o antigo nacional desenvolvimentismo, com estímulos à produção doméstica, ampliação dos empréstimos subsidiados dos bancos públicos e introdução de distorções setoriais. Esse projeto está posto em xeque pelos atuais resultados.



Atribuir o fracasso do projeto ao estilo da presidente e à execução do atual governo parece um exagero. Certamente, a gestão tem sido infeliz, e o voluntarismo em decisões apressadas não casa bem com a política, muito menos quando somado às alianças complexas do atual governo. Mas os resultados do rumo escolhido, defendido por intelectuais e organizações do setor produtivo, revelam igualmente a fragilidade do diagnóstico.



As dificuldades econômicas eram atribuídas à falta de vontade política em enfrentar os conflitos, e as críticas recentes à política econômica seriam o resultado da opção por maior justiça social.



Entretanto, a melhora da distribuição de renda começou no governo Fernando Henrique Cardoso e continuou na década passada, sendo decorrente, sobretudo, do melhor comportamento do mercado de trabalho, agora ameaçado pelo baixo crescimento, com o apoio das políticas sociais focalizadas e do impacto do salário mínimo sobre as aposentadorias, cuja expansão esbarra na deterioração recente das contas públicas.



O total de empregos encontra-se relativamente estável há cerca de um ano, e o baixo desemprego se beneficia da redução da fração da população no mercado de trabalho.



Além da expansão das políticas sociais, a imensa maioria delas introduzida nos governos anteriores, o foco da política pública tem sido a ampliação das proteções e subsídios para o setor produtivo na esperança de maior crescimento econômico, destacando-se as regras de conteúdo nacional, as restrições à competição externa, o crédito subsidiado e a desoneração seletiva, beneficiando o andar de cima.



A política intervencionista, entretanto, resultou em piora da oferta de bens e serviços, agravada por controles de preços em setores específicos, reduzindo a taxa de crescimento da produtividade e a solidez de muitas empresas, inclusive públicas. Infelizmente, o baixo crescimento ameaça reverter os ganhos sociais das últimas duas décadas.



A especulação sobre a troca de candidato não deve prejudicar o debate sobre os projetos. As dificuldades econômicas à época da eleição e o pragmatismo do primeiro governo Lula resultaram no aprofundamento da política econômica iniciada na década de 1990.



A partir da reeleição, sobretudo depois de 2008, optou-se por outro caminho, o resgate do projeto alternativo do nacional desenvolvimentismo, intervencionista, protetor do capital nacional e crescentemente antagonista do contraditório.



A dúvida não é apenas a volta, mas a volta de quem, seja como fiador ou candidato. O pragmático ou o intervencionista?



APOIE O PLANTÃO BRASIL - Clique aqui!

Se você quer ajudar na luta contra Bolsonaro e a direita fascista, inscreva-se no canal do Plantão Brasil no YouTube.



O Plantão Brasil é um site independente. Se você quer ajudar na luta contra o golpismo e por um Brasil melhor, compartilhe com seus amigos e em grupos de Facebook e WhatsApp. Quanto mais gente tiver acesso às informações, menos poder terá a manipulação da mídia golpista.


Últimas notícias

Notícias do Flamengo Notícias do Corinthians