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O Ministério Público do rio de Janeiro (MP-RJ) teve acesso a uma ligação telefônica na qual Júlia Lotufo, viúva do miliciano Adriano da Nóbrega, diz saber que Danielle Nóbrega, ex-mulher de Adriano, era funcionária fantasma no gabinete de Flávio Bolsonaro, quando este era deputado na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio).
A interceptação telefônica foi anexada à denúncia de Júlia, em março do ano passado. Até hoje, a PGJ-RJ (Procuradoria-Geral de Justiça do Rio de Janeiro), não fez nada com essa e outras provas que atestam a existência do esquema de rachadinhas no escritório do filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Flávio nega as acusações de rachadinhas e afirma que seus funcionário estavam contratados de forma regular na Alerj.
A Operação Gárgula, da qual Júlia foi alvo, revela que ela, além de ser companheira de Adriano, atuava ativamente nos negócios da quadrilha dele. O ex-PM é apontado como líder da milícia em Rio das Pedras, na zona Oeste da capital fluminense, e do Escritório do Crime, organização de matadores de aluguel.
Júlia diz na gravação: "Ela [Danielle] foi nomeada por 11 anos. Onze anos levando dinheiro, R$ 10 mil por mês para o bolso dela. E agora ela não quer que ninguém fale no nome dela? [...] Bateram na casa dela porque a funcionária fantasma era ela, não era eu".
O áudio poderia ser mais uma prova contra Flávio. Até agora, na denúncia apresentada à Justiça contra ele, a maioria das provas se baseiam em dados financeiros, como os saques e transferências feitos ao ex-assessor Fabrício Queiroz, provável operador do esquema, e os imóveis e despesas pagos com dinheiro vivo.
A gravação é também uma das poucas provas da investigação sobre o gabinete de Flávio que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) não anulou em 2021. São provas válidas, ainda, o conjunto de mensagens de Danielle Nóbrega e Fabrício Queiroz.
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