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A revelação de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) fez uso ilegal de um software israelense de espionagem, FirstMile, para monitorar ilegalmente opositores e críticos do governo Bolsonaro, expõe um grave atentado contra a liberdade e a privacidade no Brasil. Este software foi empregado em cerca de 10 mil consultas informais, que não se enquadravam nas operações oficiais da agência, destacando um abuso de poder com claras violações éticas e legais.
A utilização do FirstMile pela Abin, especialmente nos meses que antecederam as eleições municipais de 2020, com um volume alarmante de 35 mil pesquisas apenas nesse período, revela uma tentativa de influenciar e monitorar o cenário político nacional de maneira sub-reptícia. A disseminação do acesso ao sistema para áreas da agência que não deveriam ter tal privilégio, como a equipe de proteção presidencial, apenas amplia a preocupação com a extensão desse monitoramento.
Os registros de que um único oficial da Abin realizou mais de 33 mil consultas no sistema, e outro mais de 11 mil, indicam uma centralização de poder e uma falta de controle e supervisão internos, onde senhas eram compartilhadas, violando as próprias normas de segurança da agência. A evolução do acesso ao sistema para uso remoto facilitou ainda mais o abuso dessa ferramenta, permitindo operações de espionagem de qualquer lugar, a qualquer momento.
A admissão por parte de um oficial de que muitas das consultas realizadas não estavam atreladas a operações formais, apontando para a "falta de gestão documental da agência", destaca uma desordem organizacional que permitiu esses abusos. Pedidos de consultas via WhatsApp e por integrantes de áreas não autorizadas a acessar o programa são indícios de uma prática institucionalizada de espionagem irregular.
Com informações do jornal O Globo
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