Governo não tem pressa e ignora testagem em massa para covid-19, já utilizada em muitos países

Portal Plantão Brasil
17/1/2022 15:49

Governo não tem pressa e ignora testagem em massa para covid-19, já utilizada em muitos países

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514 visitas - Fonte: O Globo

SÃO PAULO — Na semana passada — somente um ano após movimentações semelhantes ocorrerem nos Estados Unidos e no Reino Unido —, o Ministério da Saúde brasileiro enviou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) um pedido para que a reguladora avaliasse a liberação dos autotestes de Covid-19 para uso da população. A morosidade para esse pedido — que surge também atrasado para lidar com a atual onda de novos casos causados pela da cepa Ômicron — dá o tom das medidas da pasta da Saúde durante os últimos dois anos de pandemia, dizem epidemiologistas. Ao longo da emergência de saúde, afirmam os especialistas, faltaram estratégias que permitissem uma efetiva testagem em massa de Covid-19 no país.


Os epidemiologistas ouvidos pelo GLOBO explicam que um ponto central de um plano de testagem de sucesso —e, por consequência, com mais chances de controlar o contágio do coronavírus— é o atendimento por livre demanda dos pacientes. Eles preferencialmente estariam informados sobre onde e quando conseguiriam fazer tais análises de maneira rápida, prática e, por vezes, gratuita. O que nunca aconteceu no país de maneira generalizada.

A testagem, inclusive, não estaria restrita aos contactantes ou aos sintomáticos, mas a todos que sentissem necessidade de realizá-la.

— Não dá para ter muito tempo de intervalo entre a vontade da pessoa em testar e realmente encontrar os testes. Deveria ser possível marcar a testagem por aplicativo e telefone, ou chegar a qualquer hora. Garantir o acesso é fundamental — explica Julio Croda, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Em setembro— quando o país totalizava 589 mil mortes e 21 milhões de casos da doença—, o Ministério da Saúde se movimentou e lançou um projeto de distribuição de testes rápidos.


O programa está em curso até agora e abastecerá o sistema público com 60 milhões dos testes de antígeno para Covid-19. O que permitiria , segundo a pasta, seu uso em ambientes com grande circulação de pessoas. Do total, 38 milhões de unidades já foram entregues. O governo federal também diz que disponibilizou, ao longo da pandemia, 24,7 milhões de testes do tipo RT-PCR.

O volume de material para análise —dentro e fora do programa— afirma o vice-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e também secretário de Saúde do Espírito Santo, Nésio Fernandes, aumenta a potência de testagem de estados e municípios, mas não é suficiente para deflagrar uma testagem em massa no país.

— Não adianta só mandar testes e publicar uma nota técnica. A estratégia de testagem implica em investimentos financeiros e clareza na capacidade logística para sustentar a realização dessas análises — diz.


Em nota enviada ao GLOBO, o ministério diz que “cabe aos estados e municípios o planejamento e execução das ações, como o agendamento de exames”.

Embora a marcação de testes e operacionalização do atendimento realmente estejam atreladas à atenção básica, especialistas dizem que os planos de combate à Covid-19 deveriam ser traçados de maneira nacional.

— Todas as definições para o enfrentamento da pandemia devem ser orientadas pelo Ministério da Saúde, que é o órgão máximo do país para definição de políticas. Cabe aos estados e municípios somente operacionalizar essa definição (do que deve ser feito) — diz Alexandra Boing, professora da Universidade Federal de Santa Catarina e especialista em Saúde Pública.

Uma pesquisa divulgada no sábado pelo Datafolha mostrou que cerca de 42 milhões de brasileiros com mais de 16 anos afirmam já ter contraído Covid-19. O número é quase o dobro do total de casos oficiais.

Como exemplo de plano nacional de enfrentamento ao vírus, o governo do Reino Unido permite que pessoas solicitem a entrega de um teste de Covid-19 gratuito em casa. Nos Estados Unidos, serão distribuídos 1 bilhão de testes rápidos nas casas dos cidadãos. As primeiras 500 milhões de unidades estariam disponíveis para serem solicitados a partir da quarta-feira.


EpiCovid

O Brasil chegou a ter um celebrado método de monitoramento da doença com uma pesquisa epidemiológica . Tratava- se do projeto EpiCovid, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que coletava dados da infecção em 133 cidades brasileiras. O projeto, agora encerrado, perdeu o apoio do governo federal, sem justificativa, ainda em 2020.

—O Brasil é um fracasso na testagem por amostragem porque o EpiCovid foi descontinuado e, na vigilância genômica, porque nossa variante foi descoberta no Japão— afirma Pedro Hallal, epidemiologista da UFPel.



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