Presença de Alckmin deixa debate mais claro, mas ainda refém da segurança

Portal Plantão Brasil
26/8/2014 09:46

Presença de Alckmin deixa debate mais claro, mas ainda refém da segurança

Candidatos do PT, Alexandre Padilha, e do PMDB, Paulo Skaf, cobraram tucano por gestão da água, criminalidade, educação e metrô. Peemedebista se coloca como opção conservadora e anti-PT

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496 visitas - Fonte: Rede Brasil Atual

Com o governador e candidato à reeleição, Geraldo Alckmin (PSDB), recuperado da infecção intestinal que o tirou do primeiro debate, o encontro realizado pelo SBT entre os postulantes ao governo de São Paulo no fim da tarde de hoje (25) foi mais dinâmico e teve posições mais bem definidas. Os candidatos adversários Alexandre Padilha (PT) e Paulo Skaf (PMDB) evitaram confrontar-se e buscaram expor os “poucos feitos” do governo Alckmin, ressaltando os problemas nas áreas de segurança, educação, mobilidade e saneamento em 20 anos de gestão tucana. Mas, pela primeira vez, ficou claro que a diferença entre ambos também será explorada quando necessário.



Alckmin ganhou uma bola levantada logo de início, no tema da segurança, quando o candidato do PRTB, Walter Ciglioni, fez inúmeras críticas ao governo federal sobre vigilância de fronteiras e pediu para o tucano apresentar suas propostas. Ele reafirmou antigas colocações, de endurecimento da repressão ao tráfico e tratamento dos dependentes, em parceria com as comunidades terapêuticas.



Desta primeira questão à última, segurança foi o tema central. Padilha ressaltou, em sua primeira intervenção, que os problemas que eram característicos das capitais agora são de todas as cidades. “Temos impunidade”, disse, lembrando que só 5% dos crimes de roubo são esclarecidos e que os integrantes de facções coordenam o crime de dentro dos presídios.



A exemplo do que havia feito na Band, Skaf se valeu de números para tratar da questão, dizendo que ao decorrer daquele encontro duas mulheres seriam estupradas no estado de São Paulo, de acordo com as estatísticas da Secretaria de Segurança Pública. “É um absurdo. Nem na guerra da Bósnia. Lá tivemos 40 mil em toda guerra, aqui tivemos isso no último mês”, disse para perguntar quais seriam as ações do candidato Gilberto Natalini (PV) sobre o problema.



Skaf voltou à carga no segundo bloco, ao ser questionado sobre sua equipe de programa de governo na área da segurança, que tem o ex-secretário da segurança do governo Alckmin, Antônio Ferreira Pinto, e o ex-governador do estado Luiz Antônio Fleury Filho – este, à frente do Palácio dos Bandeirantes quando do massacre do Carandiru, em 1992. O candidato ressaltou que ele será o governador e vai ouvir todos que achar necessário. “Se Alckmin entende que está tudo bem, nós temos dois estados. Um onde vive a população, outro onde o governador mora. A segurança é um desastre em São Paulo”, afirmou Skaf.



E, quando Alckmin teve nova oportunidade de falar em segurança, evitou explicar por que ainda não sancionou o projeto de lei que proibiu o uso de máscaras em manifestações. Preferiu ressaltar que as manifestações eram contra a Copa do Mundo no Brasil.



Skaf, no entanto, não perdeu a oportunidade de reafirmar uma postura ainda mais repressora em relação às manifestações. “Se eu fosse governador sancionaria na hora. Quem usa máscara quer fazer coisa errada. A segurança é um problema por falta de um comando mais firme do governador”, afirmou. "A PM não é assassina. É legalista."



Os dois ainda trocaram acusações sobre qual governo tinha pior índice de violência, o de Mario Covas (PSDB), entre 1995 e 2001, ou de Fleury (1990-1994). E Alckmin acabou por defender a corporação, após inúmeras críticas, quando Padilha disse que ela é violenta contra os jovens de periferia. “Precisamos parar de falar mal da polícia e usar inverdades”, disse o tucano.



Mesmo quando o assunto não era exatamente segurança, os candidatos entraram no tema. Gilberto Maringoni (Psol) fez uma piada ao falar dos roubos que os pedágios infringem aos motoristas nas estradas. Mas o candidato do PHS, Laércio Benko, não entendeu e fez um longo comentário sobre suas propostas na segurança. “Nós vamos investir em inteligência. Muitas delegacias sequer têm internet. Vamos combater o mal com inteligência. Nós não vamos deixar ocorrer o tratamento diferente entre a população do Jardim Ângela e a dos Jardins”, disse Benko.



Maringoni aproveitou para ampliar a crítica, propondo a desmilitarização, mas afirmando a necessidade da polícia na sociedade. “A polícia tem de tratar o cidadão com respeito. A sociedade precisa dela. Temos de valorizar e investir em inteligência”, afirmou.



O candidato do Psol foi o único a entrar na questão da corrupção no Metrô paulista e denunciou que Alckmin recebeu doações de empresas investigadas por formação de cartel. “Entrou R$ 6 milhões [na campanha de Alckmin]. CR Almeida e Queiroz Galvão (empreiteiras) são rés em processos do cartel do Metrô. A Serveng está sendo denunciada. E estão financiando campanhas”, afirmou.



Ainda na seara política, Padilha e Skaf tiveram um breve momento de atrito, e pela primeira vez demarcaram posições diferentes do ponto de vista partidário. O candidato do PMDB perguntou por que o PSDB sempre vence o PT nas eleições para o governo paulista. O petista tentou falar de propostas, apresentando ideias de mobilidade para a região metropolitana e dizer que tinha orgulho de seu partido.



“Tenho claro que o povo não quer o PT em São Paulo. E o PSDB não sabe governar”, disse Skaf, pedindo, como faz em seu programa de TV, uma chance de quatro anos aos paulistas. Antes, Benko havia repetido ao peemedebista pergunta feita no debate anterior, sobre o fato de seu partido ser aliado de Dilma Rousseff – Michel Temer é vice da petista. "As pessoas que estão nos assistindo querem saber dos problemas do estado de São Paulo", afirmou, evitando mais uma vez declarar voto em Dilma.



Padilha aproveitou a ocasião para novamente afirmar que tem um lado claro nas eleições, ironizando as evasivas de Skaf. "Tenho muito orgulho de ser do Partido dos Trabalhadores", disse. O petista disse que o eleitor pode escolher por suas propostas, tidas como inovadoras, pelo partido que governou São Paulo nos últimos vinte anos, o PSDB de Alckmin, ou pela sigla que comandou o Palácio dos Bandeirantes nas duas décadas anteriores, o PMDB.



Água



Ao ser questionado sobre a crise de abastecimento em São Paulo, Alckmin buscou lembrar que é a pior seca da história e falou do bônus de 30% de desconto para quem economizar água na região metropolitana da capital.



“Esses números não enchem caixa d'água de ninguém”, respondeu Padilha, ressaltando que Guarulhos e outras cidades já sofrem com o racionamento. O candidato do PT se comprometeu a não fazer racionamento e prometeu realizar todas as obras que deveriam ter sido feitas desde 2004, quando foi concedida a outorga do sistema Cantareira para a Sabesp.



Maringoni também criticou o governador pela crise hídrica e lembrou que, em 1995, a Sabesp vendeu ações na bolsa em Nova York, nos Estados Unidos. “Esse é o problema. 42% do lucro foi para os acionistas, prejudicando investimento”, acusou.



Alckmin ainda foi fortemente criticado pelo candidato do PHS, quando tentou dialogar com ele sobre proposta de mobilidade, dizendo que o PSDB fez o Rodoanel e a expansão do Metrô. “Vamos tirar do papel tudo aquilo que o PSDB não tirou em 20 anos. Eu era adolescente, tinha cabelo quando começou o Rodoanel”, ironizou Benko, afirmando que o Metrô também tem expansão muito lenta. “Temos de fazer PPP para tirar esse projetos do papel.”



O governador ainda acabou por se produzir um fogo amigo, ao ressaltar que “94% dos alunos da quarta série estão alfabetizados”. Ou seja, após quatro anos na escola, pelo menos 6% dos alunos não sabem ler e escrever, admitiu o governador.



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