1475 visitas - Fonte: Tijolaço
O Datafolha que revela, hoje, que 35% dos paulistanos tem sofrido problemas no abastecimento de água tem um “furo” essencial.
É que o problema de abastecimento de água em São Paulo, como é sabido por todos, não atinge toda a metrópole.
Mas “apenas” os 40% dos moradores, atendido pela água que vem do Sistema Cantareira, que é o que está em colapso.
Logo, tirando um ou outro problema pontual, a falta de água provocada por isso “só” poderia atingir 40% das pessoas, certo?
Para alcançar o impacto da redução do abastecimento de água em São Paulo não é preciso fazer pesquisa, basta fazer contas.
Ou ler o que está escrito no site da Sabesp, dito pelo senhor Paulo Massato, o homem que diz que, se preciso, a Sabesp levará “água de canequinha” para os paulistanos.
“A Sabesp tinha uma outorga que possibilitava captar 33 mil litros por segundo. A ANA e o DAEE determinaram que passássemos a captar 22 mil litros por segundo para fornecer aos mesmos 8 milhões de pessoas. Poderíamos ter optado pelo rodízio, mas não fizemos isso.”
Salvo se a Sabesp tiver inventado o milagre da multiplicação das águas, diminuiu drasticamente a oferta.
Com rodízio ou baixando a pressão, é o mesmo: alguém fica com menos água.
E só um irresponsável pode colocar esta equação à base do “dá para ir até as eleições” ou “não dá para chegar às eleições”.
Tipo, assim, aquele “um real igual a um dólar” do Fernando Henrique nas eleições de 1998.
Porque o mundo continua a existir depois de outubro e todas as coisas cobram seu preço.
Em maio do ano passado, o Cantareira fechou o mês com 65% do volume de água (na medida anterior, sem a água do “fundão”. E o que temos hoje é este “deus nos acuda”.
Maio deste ano termina com apenas um décimo – é, 10%! – do mesmo mês do ano passado.
Para os que gostam, como o Datafolha, de comparar a situação da água em São Paulo com a situação dos reservatórios das hidrelétricas, a mesma comparação feita com os reservatórios do Sudeste seria de 37,4 contra 62,9% de reserva, ou 59,5% do que havia ano passado.
É preciso ser um gênio para imaginar o que vai acontecer com o abastecimento de água de São Paulo, um pouco mais cedo ou um pouco mais tarde.
Não vai ser um “deus nos acuda”, mas um “deus nos castigue”.
Porque que só chuvas de proporções diluvianas podem recuperar o Sistema Cantareira no prazo de um ou dois anos.
Não é possível que a imprensa de São Paulo, tão ciosa de sua pujança econômica, trate a questão do abastecimento de água da cidade como se fosse uma loteria eleitoral.
PS. Não é curioso que uma semana depois de pesquisar a falta d’água entre os paulistanos, o Datafolha coloque numa pesquisa nacional a mesma pergunta? Ai, ai, esta gente não dá ponto sem nó…
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